Asia Shipping quer avançar no México após crescer no comércio Brasil-China

A companhia brasileira de agenciamento de fretes Asia Shipping cresceu nos últimos anos no transporte de cargas da China para o Brasil, mas com a posição no mercado local garantida, a empresa está de olho no México e seu comércio com os Estados Unidos, e pode precisar de recursos de um eventual IPO para chegar lá.

A Asia Shipping, criada em 1996, calcula ter agenciado o transporte de 11% a 14% dos contêineres com carga que chegaram ao Brasil durante o boom de importações do primeiro semestre e somou no ano passado um faturamento de cerca de 4 bilhões de reais, afirmou o presidente da companhia, Alexandre Pimenta.

O executivo disse que a empresa corre agora para estabelecer uma presença mais marcante no México, que tem surfado a onda do “neashoring” promovido pela Casa Branca, mas onde a Asia Shipping conta com apenas um escritório de representação.

“O México compra da China e é um mercado importante e é o principal cliente dos Estados Unidos”, disse Pimenta. “Temos que ficar de olho no México, porque é um mercado que vai crescer bastante, temos que estar lá em dois anos”, afirmou o executivo.

Segundo ele, para acelerar o avanço fora do Brasil da companhia, que compete com gigantes globais como DHL e UPS, os recursos de uma oferta pública inicial de ações podem ser necessários.

“No México vamos precisar de capital bem robusto… Aí teremos que pensar em alguma coisa nesse sentido (IPO)”, disse Pimenta, sem dar detalhes de valores, mas comentando que o investimento deveria se dar via aquisição uma vez que “hoje não seria viável começar do zero… Já falamos com algumas empresas”.

Pimenta afirmou que a Asia Shipping já avaliou fazer um IPO, mas foi pega pela pandemia “e agora pegamos mercado conturbado novamente e estamos focados na operação”.

Além do México, a companhia também analisa aquisições pontuais em outros países da América Latina, incluindo o Peru, onde a China está financiando a construção de um porto de 3,5 bilhões de dólares em Chancay, próximo da capital Lima, disse o presidente da Asia Shipping.

O porto deve ter uma primeira fase concluída no final deste ano e deve encurtar o tempo de envio de produtos entre a China e a América do Sul em 10 dias, segundo dados do governo brasileiro.

“O Peru está virando um hub (para a China)… Seria melhor se o Brasil virasse, até pelo volume de carga e possibilidade de atender Uruguai e Argentina também”, comentou o executivo citando o Porto de Santos.

A Asia Shipping tem cerca de 2.500 clientes ativos sendo os principais em setores que passaram por medidas de defesa comercial do Brasil nos últimos meses, incluindo eletroeletrônicos e automotivo. A companhia transportou para o Brasil cerca de 113 mil TEUs – medida que equivale a um contêiner de 20 pés – no primeiro semestre, crescimento de 50% sobre um ano antes.

Mas para Pimenta as medidas não devem gerar impacto relevante nos fluxos de importação da China para o Brasil, pelo menos até meados do ano que vem. “O Brasil está comprando mais. A China também está querendo vender mais para cá, porque está enfrentando problemas em seu primeiro mercado, que são os EUA”, disse o executivo, citando ainda o forte incentivo do governo chinês para sua produção.

Segundo ele, o câmbio, porém, é um dos principais problemas enquanto seguir com volatilidade, dificultando os agentes a calcularem seus custos e causando incerteza na colocação de pedidos.

Para além do câmbio, a própria guerra no Oriente Médio, que tem feito empresas de transporte desviarem navios que saem da Ásia com destino à Europa do Mar Vermelho para contornarem a África, tem ajudado no encarecimento dos fretes.

“Ano passado nós achávamos que ia sobrar navio e consequentemente ia sobrar espaço (de carga), porque a demanda não seria suficiente”, afirmou Pimenta citando que os fretes voltaram para o mesmo patamar da pandemia. Segundo ele, o frete de um contêiner da China para o Brasil costumava ser de 4 mil dólares, mas “está 12 mil, 14 mil dólares” atualmente.

A situação é agravada pela seca no canal do Panamá e na Amazônia, que reflete nas cargas que são direcionadas à Zona Franca de Manaus e que fizeram indústrias da região adiantarem pedidos à Ásia Shipping no primeiro semestre, disse o executivo.

Com essa movimentação, a perspectiva para o crescimento de volumes de carga agenciados pela Asia Shipping deve desacelerar no segundo semestre para uma expansão de 35% sobre o mesmo período do ano passado, disse Pimenta.

O faturamento que cresceu 15% em 2023, deve desacelerar este ano, afirmou o executivo sem precisar números. “Para este ano deve ficar um pouco acima do ano passado.”

(UOL Economia)

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