O chefe global de comércio e logística marítima da Kuehne+Nagel, Paolo Montrone, afirmou que os principais portos do norte da Europa estão passando por um dos episódios mais graves de congestionamento dos últimos anos — situação que deve se estender por meses.
“As causas são múltiplas e inter-relacionadas. Os navios estão chegando fora dos seus slots de atracação designados, o que leva ao acúmulo e à sobrecarga de terminais já superlotados. Greves e instabilidade trabalhista têm gerado volatilidade nos cronogramas das alianças. Além disso, as recentes reorganizações das alianças entre armadores aumentaram a incerteza quanto à rotação e frequência dos navios”, explicou Montrone.
Ele também destacou que a logística terrestre está sob forte pressão. “O baixo nível do rio Reno tem limitado a capacidade de transporte por barcaças, o que redirecionou volumes para as redes ferroviária e rodoviária, ambas já próximas da saturação”, acrescentou.
Segundo Montrone, o problema não é apenas pontual, mas indica uma “crise estrutural que exige planejamento estratégico”. Ele defende que os envolvidos na cadeia logística considerem a diversificação dos corredores de transporte, mesmo que isso implique custos mais altos, incluindo o uso de portos no sul da Europa.
“Rotas intermodais alternativas via Adriático e Europa Oriental podem aliviar parte da pressão. As estratégias de estoque precisam ser revistas: as empresas devem se preparar para prazos de entrega mais longos e abandonar abordagens just-in-time para cargas críticas. Quanto mais tempo as partes demorarem para se adaptar, mais difícil será o ajuste. É hora de agir, antes que a disrupção evolua para uma paralisação completa”, concluiu.
(Portal Portuário)
