Governo Federal habilita ferrovias a receberem selo verde de organismo internacional

Sustentabilidade e infraestrutura de transportes andam juntas no Brasil. Para o Governo Federal, essa é uma premissa importante. O Ministério da Infraestrutura (MInfra) recebeu, nesta semana, da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), o processo que habilita os projetos de três novas ferrovias a buscarem a obtenção de “selo verde”. O trabalho serve como uma avaliação prévia de que os empreendimentos seguem os parâmetros da Climate Bonds Initiative (CBI), organização internacional que faz a certificação de iniciativas sustentáveis.

Com a certificação ambiental, a ser buscada pelos futuros concessionários da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) e da Ferrogrão (EF-170) junto ao CBI, os projetos poderão acessar financiamento no mercado de green bonds (títulos verdes), fundos direcionados a projetos sustentáveis.

O Programa de Novas Ferrovias é o documento base que comprova o atendimento dos padrões estabelecidos pela CBI para a obtenção desta certificação, sendo os trabalhos coordenados pela Subsecretaria de Sustentabilidade (SUST), Secretaria Nacional de Transportes Terrestres (SNTT) e Secretaria de Fomento, Planejamento e Parcerias (SFPP) do MInfra e envolveu, além da EPL, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Valec.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS – Títulos verdes são modalidades de investimento que levantam recursos para soluções que apresentam benefícios ambientais. Com funcionamento similar a outros instrumentos de investimento, os green bonds agregam outros benefícios aos emissores e investidores, por garantir que os recursos sejam utilizados em projetos e ativos que estejam alinhados ao Acordo de Paris, e com melhor gerenciamento dos riscos de projetos, contemplando, por exemplo, a redução da emissão de gases de efeito estufa e a adaptação das estruturas às mudanças do clima.

A avaliação mostra, por exemplo, que a Ferrogrão deve emitir 77% menos de CO² na atmosfera do que ocorre hoje no transporte por rodovias. Os critérios do CBI estabelecem que a redução deve ser de, no mínimo, 25%. O estudo feito estima ainda que, no caso da FICO e da FIOL, essa queda fique entre 74% e 84%.

“Estamos fazendo o que há de melhor em termos de desenvolvimento sustentável. Várias premissas foram adotadas, como recuperação de áreas degradadas, o combate a processos erosivos, as travessias de fauna, a limitação de transporte com combustível fóssil, o plantio compensatório. Ou seja, tudo aquilo que traz a noção de sustentabilidade e nos proporciona auferir o selo verde e obter acesso a uma nova forma de financiamento que é o green bond”, destacou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, sobre a política da Pasta.

INVESTIDORES ESTRANGEIROS – O processo para adequar os projetos das três ferrovias aos parâmetros exigidos pelo CBI, e que tornam os projetos elegíveis a receber selo verde, foi coordenado pela Subsecretaria de Sustentabilidade do MInfra e pela EPL, com o apoio da Secretaria de Fomento, Planejamento e Parcerias e da Secretaria Nacional de Transportes Terrestres, ambas do MInfra, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Valec.

A partir de agora, os futuros concessionários terão a opção de concluir a busca da certificação junto ao CBI. FIOL e Ferrogrão têm leilão previsto para o 2º trimestre deste ano. A FICO ainda não tem data prevista para ser concedida.

A certificação ambiental, após efetivada, tem potencial de gerar ainda maior respeitabilidade e segurança aos projetos de infraestrutura ferroviários brasileiros ao redor do mundo – o que facilita o acesso a mercados e investidores estrangeiros. O Mercado de Títulos Verdes e Climáticos atinge US$ 1 trilhão globalmente e US$ 6,8 bilhões no Brasil, de acordo com o CBI.

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