União avalia conexão direta entre o Centro e Viracopos

A ligação Centro-Viracopos faz parte de um estudo nacional que envolve as 21 Regiões Metropolitanas do país com mais de 1 milhão de habitantes para definir o futuro do transporte para os próximos 30 anos que está sendo desenvolvido através de convênio entre o Ministério das Cidades e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Essa radiografia deverá ser concluída em 2025. “Esse estudo vai definir qual o melhor meio para essa ligação”, disse na terça-feira (12) Andia.

“O Trem Intercidades, que acompanhei como prefeito de Santa Bárbara d´Oeste e presidente da Região Metropolitana, terá um grande impacto na mobilidade regional e é preciso planejar agora o futuro do transporte e não esperar que o TIC fique pronto”, completou. Para o secretário nacional de Mobilidade Urbana, esse novo modal também impactará o trânsito entre as cidades da região e será preciso criar linhas alimentadoras e complementares até a Estação Cultura (antiga Fepasa), que será o ponto final dos dois serviços a serem criados com o Eixo Norte. “É preciso aumentar a capilaridade entre Campinas e cidades como Hortolândia, Sumaré, Santa Bárbara d´Oeste e outras. Se a gente não tiver um transporte coletivo para atender os passageiros de ouras cidades, nós vamos ter muito mais carros circulando na região”, argumentou.

O Eixo Norte prevê as criações do serviço expresso TIC entre São Paulo e Campinas, com uma parada em Jundiaí, e do Trem Intermetropolitano (TIM) Campinas-Jundiaí, com paradas em Valinhos, Vinhedo e Louveira. A previsão é que essas duas novas ligações transportarão 140 mil passageiros por dia quando estiverem em operação em 2031, de acordo com o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto de Meio Ambiente (EIA/RIMA). Os documentos apontam ainda que o pico está programado para ser atingido em 2055, quando o volume de passageiros é estimado em 221,5 mil por dia. Esse número é o equivalente a circulação de 4.430 ônibus rodoviários. O TIC e o TIM também serão opções de ligação com o serviço a ser repassado para a iniciativa dentro do Eixo Norte, que é a Linha 7-Rubi, que já existe e liga Jundiaí a São Paulo.

O QUE MUDA

Para Andia, o Trem Intercidades marcará um novo capítulo no transporte ferroviário do país. “Ele será o primeiro do país que ligará três regiões metropolitanas”, explicou, acrescentou que poderá abrir caminho para outros investimentos nesse mesmo molde. Para o secretário, o modelo hoje se restringe basicamente a serviços de metrô ou trens metropolitanos dentro de apenas uma região metropolitana e mesmo assim a rede é pequena. A malha metroferroviária do país é hoje de 1,12 mil quilômetros, usadas por 21 sistemas que operam 47 linhas e transportam 7,8 milhões de passageiros/dia/útil, de acordo com a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).

“O Trem Intercidades é uma vitória que se torna realidade depois de décadas de muitos estudos, empenho e que não saiu do papel em outros governos”, disse o secretário de Mobilidade Urbana, que acompanhou o leilão do TIC, um empreendimento de R$ 14,2 bilhões, no último dia 29, na B3 (antiga Bolsa de Valores), em São Paulo. Ele já iniciou conversas com o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre os impactos do projeto na mobilidade da RMC e a necessidade de novos investimentos para atender o aumento de demanda que gerará.

O estudo em desenvolvimento pelo Ministério das Cidades, do qual a Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana faz parte, definirá qual o melhor meio de ligação entre o Centro de Campinas e Viracopos. Entre as opções possíveis estão a instalação de um ramal ferroviário, uso de ônibus elétrico, uma linha de Bus Rapid Transit (BRT), Veículo Leve Sobre Trilho (VLT) ou aeromóvel, que utiliza um sistema de propulsão pneumática e funciona desde 2013 fazendo a conexão entre o Aeroporto Internacional Salgado Filho e o sistema ferroviário de Porto Alegre (RS) e que também está previsto para ser usado para ligar o metrô ao Aeroporto de Cumbica.

Para Andia, o leilão do TIC, que foi arrematado pelo consórcio sino-brasileiro Comporte-CRRC, e o crescimento d Viracopos são novos fatores que apontam para a necessidade de ligação entre os dois modais de transporte de passageiros. A proposta de um ramal ferroviário até o aeroporto é uma ideia que remonta o início dos anos 2000, mas que não saiu do papel. A primeira proposta surgiu como uma estação no local do trem-bala Campinas-Rio de Janeiro, que foi descartado no ano passado pela empresa interessada em implantar o serviço entre São Paulo e o Rio, que optou por uma parada em São José dos Campos. No início de 2021, a Prefeitura de Campinas lançou um chamamento público para a implantação de um modal ferroviário urbano, mas a Pesquisa OrigemDestino feito por uma empresa privada mostrou que a ligação era economicamente inviável.

MOVIMENTO

Porém, nessa época, o TIC, que começará a ser implantando no segundo semestre de 205, era um projeto. Além disso, o volume de passageiros em Viracopos cresceu em mais de uma década. Em 2012, quando foi privatizado, o aeroporto registrou o movimento de 8,9 milhões de passageiros, que chegou ao recorde de 12,5 milhões no ano passado. O volume foi 5,75% superior ao de 2022, que era o recorde anterior, com 11,8 milhões de passageiros. Em 2023, pela primeira vez em sua história, o terminal registrou mais de 1 milhão de passageiros de voos internacionais. Foram 1.068.500, alta de 48,04% em relação aos 721.770 de 2022, de acordo com a Aeroportos Brasil Viracopos (ABV), concessionária do aeroporto. Atualmente, há voos diários de chegada e partida para Fort Lauderdale (EUA), Orlando (EUA), Lisboa (POR) e Paris (FRA).

Em outubro passado, o ministro das Cidades, Jader Filho, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, firmaram acordo de cooperação técnica (ACT) para melhorar a mobilidade urbana de 21 grandes cidades do país. De acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, atualmente, o déficit de investimentos em transporte público de média e alta capacidade é estimado em mais de R$ 360 bilhões. Para reduzir este número, a parceria visa fomentar grandes projetos de transporte público coletivo, com ênfase na melhoria da qualidade dos serviços e na redução das emissões de poluentes, incentivando o uso de energia renováveis no transporte.

Para o ministro Jader Filho, a mobilidade urbana como um dos principais problemas no país, com o estudo sendo fundamental para diagnosticar com precisão onde há déficit para investir com maior qualidade. “O Ministério das Cidades quer estar cada vez mais próximo do BNDES para atrair mais investimento, gerar mais emprego e levar qualidade de vida às nossas cidades. Juntos podemos melhorar e desenvolver o nosso país”, afirmou.