Os 32 maiores operadores logísticos do país, filiados à Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (Abol), contrataram, aproximadamente, 20 mil novos colaboradores em 2023. De acordo com levantamento anual realizado pela entidade, o perfil de contratações mudou desde o ano passado para 87,5% das empresas entrevistadas, sendo agora menos focado em vagas temporárias. Para a Abol, 2024 será um ano com muitas oportunidades para quem busca ingressar nesse mercado, já que 85,7% dos consultados disseram pretender abrir novas vagas este ano.
A entidade diz que essa tendência depende da continuidade da desoneração da folha, conforme prevê acordo que deve ser homologado em breve no STF. “A proposta não é a ideal para os operadores logísticos, mas traz um alívio em relação às contas de 2024”, diz a Abol em nota. A reoneração será feita de maneira gradual a partir de 2025, 5% ao ano, chegando a 20% em 2928.
Os números de 2023 acompanham o incremento verificado no setor de transportes, de janeiro a novembro de 2023, quando foi gerado um total de 106.683 empregos, conforme o Boletim de Conjuntura Econômica da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, também registraram 70,5 mil vagas abertas no transporte rodoviário de cargas em 2023. O total de empregos gerados no setor de serviços, que inclui transporte, armazenagem e correios, somou 886.256 mil vagas.
Do total de contratações feitas pelos operadores logísticos em 2023, a maioria foi para a área operacional, afirmaram 71,4% dos participantes da pesquisa. Em seguida, aparecem o setor administrativo e os departamentos de logística e intralogística. Atualmente, 64,3% dos trabalhadores estão sob o modelo híbrido, com exceção do operacional.
Apesar do cenário otimista e promissor, os operadores logísticos encontram dificuldades na hora de contratar novos funcionários. Entre os principais desafios mencionados estão a atração, devido a baixa remuneração e benefícios comparados com o mercado geral, competitividade na região, qualificação técnica, modelo de trabalho, flexibilidade de horário, candidatos aderentes à cultura da empresa, escassez de talentos e questões comportamentais.
A carência de empregados habilitados também chegou a ser apontada em pesquisa com o perfil do operador logístico desenvolvida em parceria com o Instituto de Logística ILOS. Na ocasião, 45% dos entrevistados disseram que quase sempre esbarram em obstáculos na contratação de mão de obra especializada.
Alguns pontos mencionados pelos OLs podem estar alinhados ao relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, desenvolvido pelo Ecossistema Great People & GPTW. O material mostra que 51,6% do mercado de trabalho tem dificuldade para lidar com as diferentes gerações e suas expectativas no mundo corporativo. A média é puxada, principalmente, pela geração Z, que nasceu entre 1996 e 2010. O relatório aponta que a combinação com os trabalhadores mais jovens não aconteceu para 68,1% dos entrevistados.
Em meados do ano passado, os operadores logísticos chegaram a destacar a reviravolta causada pelos “nativos digitais” no setor, já que, desde a contratação até a retenção, é necessário fugir dos padrões para atender aos anseios desse grupo. Na hora de contratar esses colaboradores com hábitos diferenciados, os recrutadores afirmaram se deparar com dificuldade de interação pessoal, conhecimentos geral e técnico ainda superficiais, além de pessoas à procura de ambientes mais descontraídos, benefícios diferentes dos tradicionais, qualidade de vida e rápido crescimento profissional.
O número de mulheres em cargos de liderança também foi apontado pelos operadores logísticos. 92,9% dos participantes da pesquisa da Abol contam com mais de 10 mulheres nessas funções dentro da empresa. A principal atividade exercida por elas é a gerência.
A contratação de estagiários faz parte da rotina de 78,6% das empresas entrevistadas. Em 2023, 78,6% dos operadores admitiram até dez estudantes, enquanto outros 14,3% contrataram entre 10 e 20 graduandos, e 7,1% mais do que 20.
(Portos e Navios)