O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, reafirmou nesta terça-feira (20) o compromisso do governo brasileiro com o desenvolvimento sustentável e apontou, como um dos principais caminhos, a regulação do mercado de carbono.
“O Brasil pode ter um ganho de 5% do PIB com o mercado regulado de carbono, 120 bilhões de dólares. As possibilidades do Brasil são impressionantes”, declarou durante o evento Diálogo: Mercado Regulado de Carbono e a Competitividade Industrial, promovido pelo MDIC em conjunto com a CNI. Participaram da abertura, ao lado de Alckmin, o presidente da Confederação, Robson Andrade, e o embaixador da União Europeia, Ignacio Ibáñez.
O também ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) lembrou que o governo federal reuniu 17 ministérios para a elaboração do projeto de mercado regulado de carbono para o país, e o texto final deve ser concluído nas próximas semanas.
Alckmin ressaltou que o Brasil é um exemplo para o mundo em termos de energia limpa. “Se nós pegarmos a matriz energética brasileira, 45% dela é energia renovável. A média mundial é 14%. Temos 3 vezes a média mundial em termos de energia renovável, o que mostra o quanto o país pode avançar em transição energética. E ela é urgente”. E alertou que o desmatamento ilegal é um dos principais responsáveis pela emissão de carbono no mundo e que seu combate é um compromisso prioriotário do governo.
“Se somarmos os escapamentos de todas as motocicletas, carros, caminhões, ônibus, trens, aviões, navios, chaminés das fábricas, esgoto, lixão, os bois, se juntar tudo, dá metade [das emissões]. A outra metade é só desmatamento. Então, desmatamento ilegal zero é o nosso compromisso.” Ele reforçou a atuação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva “por terra, mar e ar” no combate ao desmatamento ilegal. “Os resultados em poucos meses já são impressionantes. E a meta é chegar no desmatamento ilegal zero, inclusive recompondo matas e florestas nos nossos cinco biomas”.
Também na abertura, o presidente da CNI, Robson Andrade, ressaltou a posição da indústria como aliada na busca de soluções para os desafios da sustentabilidade. “[A indústria] tem um papel fundamental na consolidação de uma economia de baixo carbono que seja, ao mesmo tempo, dinâmica e inovadora.” A participação ativa da indústria na estruturação e na gestão desse novo mercado ajudará o país, segundo ele, a ter um sistema eficiente de compra e venda de emissões.
Andrade anunciou que a CNI iria apresentar, ao longo do evento, a proposta da indústria para a construção de um sistema de comércio de emissões de gases de efeito estufa “sólido e confiável”.
“Se for bem planejado e conduzido de maneira adequada, esse instrumento poderá estimular o desenvolvimento tecnológico e a geração de riquezas no Brasil”, disse. O presidente acredita que o Brasil tem condições de ser um dos líderes da economia de baixo carbono, apontando como vantagens comparativas a sua capacidade de ampliação de geração de energia limpa, a área coberta por florestas e sua rica biodiversidade, além da maior reserva de água doce do mundo.
Já o embaixador da União Europeia, Ignacio Ibáñez, saudou o plano de transição ecológica em discussão pelo governo federal, considerada por ele uma ferramenta “com potencial de direcionar investimentos em infraestrutura no país na direção da transição para uma economia verde”.
Ele afirmou que Brasil e União Europeia são parceiros chave nesta trajetória de descarbonização. “Apesar de algumas diferenças, acredito que há sobretudo grande convergência nas abordagens adotadas pela União Europeia e o Brasil nesta matéria”, declarou.
“Um planejamento sólido dos governos e uma coordenação entre todos os atores relevantes serão indispensáveis para que cada país produza resultados concretos no terreno. O setor privado, em especial industrial, tem papel fundamental para contribuir com este sucesso”, concluiu.