ARTIGO | Surpresas no comércio exterior – 26 (transporte marítimo e custos gerais)

Quem trabalha com transporte de carga marítima, tem que cuidar bem dos detalhes de frete e serviços ao pretender embarcar sua carga neste modo. Considere que embora pareça que todos os armadores fazem a mesma coisa, nem sempre isso é verdade. Também nas mesmas rotas isso pode não ser exatamente assim.

Registre, assim, que os armadores tem o seu próprio modus operandi, e cada um tem sua rota própria, tempo de trânsito diferente, cada um com seu agente de carga específico. E hoje, na maioria deles, empresas do próprio grupo, e que podem ser diferentes na origem e destino, cada um com seu frete, dependendo do tamanho do navio e capacidade de carga, etc.

Cada armador tem seu padrão de serviço, bem como cada agente marítimo e que, embora não tenha tanta diferença assim, pode fazer a diferença para um relacionamento, principalmente considerando tempos difíceis de maior oferta de carga e falta de espaço e containers em navios.

Veja que o porto escalado por determinado armador também pode fazer a diferença, pois ele pode ser mais ou menos interessante ao embarcador. Lembre-se que a mesma consideração acima vale também para o consignatário, visto que a mercadoria deve ser recebida no porto ou terminal mais adequado às suas necessidades.

Portanto, um determinado frete melhor, pode não representar necessariamente a melhor alternativa, visto que muitas vezes o serviço ou portos de embarque e desembarque podem fazer a diferença.

Por exemplo, temos no Porto de Santos alguns dos melhores e mais eficientes terminais de containers do país, e que eles estão separados por 1-2-3 quilômetros por água, mas, por cerca de 30-40 quilômetros por terra, podendo fazer a diferença na operação da empresa, dependendo da sua localização.

Assim, sempre pense na questão dos custos portuários, que podem anular ou proporcionar vantagens ao embarcador ou consignatário. E que isso pode fazer a diferença também quanto ao produto, pois determinados portos são especialistas em determinados deles e, nesse caso, pode não importar a distância, fretes e outros.

Nota-se, portanto, que na logística, o que interessa, em termos de custos, são os totais, e não os parciais como frete, ou THC, transporte, armazenagem, etc. Assim, a conjugação de custos, prestação de serviços, atendimento, distância, escolha do armador, etc., deve ser a meta final da contratação de transporte marítimo, e não apenas um dos itens julgados interessantes.

Autor(a): SAMIR KEEDI Bacharel em economia, professor da Aduaneiras e universitário de MBA, especialista em transportes e logística internacional, consultor e autor de diversos livros em comércio exterior, tradutor oficial para o Brasil do Incoterms 2000 e representante brasileiro para revisão do Incoterms 2010.

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