A balança comercial teve superávit de US$ 3,732 bilhões e corrente de comércio de US$ 31,33 bilhões em novembro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (1º/12) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. No mês, as exportações somaram US$ 17,531 bilhões e as importações, US$ 13,799 bilhões.
No ano, as exportações totalizam US$ 191,678 bilhões e as importações, US$ 140,518 bilhões, com saldo positivo de US$ 51,16 bilhões e corrente de comércio de US$ 332,195 bilhões. “O que observamos no mês de novembro é resultado do que vem acontecendo ao longo do segundo semestre, com recuperação das importações e manutenção das exportações”, comentou o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior da Secex, Herlon Brandão, em coletiva à imprensa.
Os dados da Secex mostram que a exportação vem mantendo uma trajetória estável ao longo do ano, com algumas mudanças na composição da pauta exportadora, o que influenciou o primeiro semestre de uma forma diferente do que vem influenciando agora, no segundo semestre. Segundo Brandão, isso vem ajudando a manter o crescimento do volume exportado, apesar da queda do valor. “Temos volumes crescentes, e o preço é o que causa a queda do valor, com uma redução de 3% no mês”, explicou.
Apesar de uma queda de 2,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, um dos destaques de novembro foi o valor das importações, de US$ 13,8 bilhões, com uma média diária de cerca de US$ 700 milhões. Essa média diária, no auge do impacto da pandemia, em julho, estava em menos de US$ 500 milhões.
O subsecretário lembrou que, em julho, a queda do valor importado era de cerca de 35%, mas agora está em menos de 3%, puxada ainda pelo recuo dos preços internacionais (-10,3%). “O que chama a atenção é esse grande aumento do índice de quantum (volume) das importações, com um crescimento destacado de 9,6%”, salientou. Esse crescimento é desconcentrado, abrangendo vários produtos, mas principalmente insumos para a produção nacional, incluindo insumos eletroeletrônicos, além de adubos e fertilizantes.
Já o saldo comercial subiu 4,7% em relação a novembro ano anterior. A corrente de comércio, por sua vez, exprime tanto a sustentação das exportações quanto a trajetória de melhor desempenho das importações, com uma queda de 1,8%.
Produtos e setores
O que puxou a exportação em novembro, em valores, foi a indústria extrativa, com destaque para minério de ferro e petróleo. O resultado do minério de ferro, por exemplo, foi impulsionado pelo aumento de mais de 40% dos preços nesse mês.
No caso da agropecuária, com queda de 21,9% nas exportações, Herlon Brandão cita a entressafra e considera “natural ter menos participação de produtos agropecuários nesse final de ano”.
Além disso, Brandão vê influência da programação de embarques do período de safra, que muda de um ano para outro. No ano passado, o escoamento da soja foi mais tardio, havendo também aumento dos embarques de milho no final do ano. Em 2020, no entanto, houve uma concentração de vendas de soja no primeiro semestre, diminuindo a exportação no final do ano. Já a indústria de transformação observou queda de 2,9%, após dois meses seguidos de aumento.
Apesar de o preço do minério de ferro ter contribuído para o aumento do valor exportado, o aumento do quantum na indústria extrativa (+23,4%) é muito mais preponderante no mês. A indústria de transformação também teve um quantum positivo (+3,8%). “Isso também é bastante significativo porque, apesar da queda de preço, mostra competitividade nesse setor, o que faz com que o total seja positivo (+2,8%)”, observou o subsecretário da Secex.
Recuperação da economia
Do lado das importações, os produtos da indústria de transformação representam 93% do total e tiveram redução de apenas 0,5% em novembro, puxada pela queda de 9,7% nos preços. Os volumes importados da indústria de transformação, no entanto, cresceram 10,8%. “A gente vê esse crescimento muito em linha com o que foi anunciado, de recuperação da economia, passada a fase mais aguda da pandemia”, afirmou Brandão.
Ele explicou que, na média diária, as exportações vêm mostrando estabilidade ao longo do ano, enquanto nas importações a curva mostra um movimento de recuperação a partir de julho. “É muito provável que, no próximo mês, tenhamos um crescimento do valor importado. Será o segundo do ano, pois em fevereiro também teve um crescimento de importação e, provavelmente, em dezembro vamos ter outro”, previu.
Essas trajetórias levam ao resultado acumulado do ano, de redução de 6,1% da exportação e de 13,6% da importação até novembro, reforçando as estimativas da Secex para o fechamento do ano, apresentadas em outubro. “Esperamos um saldo comercial de US$ 55 bilhões. Estamos com U$ 51 bilhões. A corrente de comércio projetada era de uma queda de 9% e está com 9,4% de redução”, pontuou.
No acumulado do ano, a indústria extrativa ainda apresenta uma pequena redução (-2,1%) e a indústria de transformação vem sofrendo a maior queda do ano (-12,4%). “São os produtos mais sujeitos a uma redução da demanda mundial”, diz Brandão. O setor agropecuário continua sendo destaque, com um recorde de exportação de soja que contribuiu muito para esse segmento.