Autoridades debateram o nomadismo digital durante webinar realizado em 2 de maio e promovido pela CIMEC (Câmara Internacional de Mediação e Arbitragem de Conflitos) e ENAPRES (Escola Nacional de Prevenção e Solução de Conflitos). A atividade fez parte das comemorações dos 200 anos do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Participaram do webinar as doutoras Ivani Contini Bramante (Desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região) e Tatiana Erhardt dos Santos (Chefe da ENAPRES) e os doutores Adelmo Emerenciano (moderador do debate, vice-presidente da CIMEC e sócio do escritório Emerenciano Baggio e Associados Advogados), Bruno Andrade Costa (Procurador Federal, Diretor do Departamento de Promoção de Políticas de Justiça, e Secretário Nacional de Justiça substituto), Ivo Dall’Acqua Júnior (vice-presidente da Fecomercio-SP) e Luiz Ramos (presidente da CIMEC, do SINDICOMIS e da ACTC). O doutor Carlos Savoy, coordenador da CIMEC, foi o organizador do evento.
A escolha do tema estava alinhada ao que foi constatado durante o cenário pandêmico da Covid-19, quando empresas e colaboradores precisaram se reinventar, com novas formas de trabalho e convívio profissional, para possibilitar a continuidade das atividades mesmo durante um período tão conturbado.
No link https://youtu.be/LmgdhMIJOEc, você assiste às duas horas e dez minutos do webinar. Abaixo, alguns trechos destacados do encontro. Confira:
Dr. Bruno Costa
“Assunto palpitante e premente. Vivemos uma revolução digital forçada, decorrente da pandemia.”
“Várias empresas e órgãos públicos perceberam que não precisavam gastar milhões em aluguel e logística [transferindo servidores do local onde moram para outros centros].”
“Ganha a administração, que não vai gastar nada a mais [deslocamentos e adicionais] por um excelente servidor de outro estado e ganha o servidor, por ter a oportunidade de trabalhar no órgão central da sua carreira, sem abrir mão dos seus laços afetivos.”
Dr. Luiz Ramos
“A missão da CIMEC e da ENAPRES é de empatia, igualdade e empoderamento nas visões de futuro.”
“Trata-se de um novo tipo de trabalho, já regulamentado no Brasil.”
“A possibilidade de trabalhar de qualquer parte do mundo mudou o cenário […] a pandemia escancarou ainda mais esse fenômeno.”
“Muitas empresas compreenderam que seus colaboradores querem um ambiente de trabalho híbrido e não querem mais voltar ao anterior.”
Dr. Adelmo Emerenciano
“Não é uma questão que envolve somente o direito brasileiro.”
“Nomadismo não é só trabalhar de outros países. Temos o nomadismo dentro do país, que é tratado, às vezes, como um simples trabalho remoto, não presencial.”
“O que observamos, hoje, é que não está acontecendo mais a unicidade de empregador; a mesma pessoa trabalha simultaneamente para mais de um empregador.”
“Devemos observar não só as questões de natureza jurídica, mas também a competividade que existe pela mão de obra qualificada.”
Dra. Ivani Bramante
“Existe uma diretriz da OIT, uma norma técnica de 6/7/21, que tem exatamente o título deste evento, com levantamentos em toda a América Latina, listando os desafios. O primeiro é o da voluntariedade, a contratação voluntária e o acordo entre as partes. O segundo é a organização do trabalho por horário, por conta do descanso, e assegurar o direito à desconexão.”
“Quando o trabalhador está online e bidirecional e tem um software, pelo qual o empregador consegue monitorar cada toque no computador, cada site visitado e reconstruir cada tarefa empreendida, é um controle total, [são] novas formas de subordinação jurídica.”
Dra. Tatiana Erhardt
“Tem desafios, porque é tudo muito novo.”
“Este webinar foi fruto de mais uma parceria exitosa entre a ENAPRES e a CIMEC e faz parte do projeto Prevenindo e Solucionando na ENAPRES.”
“O objetivo [do projeto] é trazer palestras, seminários e eventos em geral, que possam tornar o ambiente propício para troca de experiências e tudo relacionado a métodos preventivos de solução de conflitos.”
Dr. Ivo Dall’Acqua Júnior
“Sentimos uma alteração grande no mercado de trabalho, com novas formas de contratação.”
“A pandemia nos atropelou e nos obrigou a ter um olhar mais forte sobre tudo isso.”
“A convenção dos bancários é, de certa forma, uma tomada de ponte e um paradigma que nos ajuda e nos inspira a outras soluções.”
“Há questões que acabam não emergindo mais fortemente porque são do interesse da sociedade.”
“Para os trabalhadores de telemarketing e centro de atendimento ao cliente, a preocupação é perceber a possibilidade do trabalho – às vezes em domicílio, às vezes no coworking – com a infraestrutura adequada. Do lado das empresas, [a preocupação] é com o trabalho excessivo e a real desconexão, porque não interessa ao empregador o desgaste do trabalhador.”