Em tempos de agendas corporativas lotadas e pressões crescentes sobre profissionais, a Força Aérea Brasileira (FAB) resolveu dar um passo à frente. Em 24 de julho, foi inaugurado, no Hospital de Aeronáutica dos Afonsos (HAAF), no Rio de Janeiro, o Centro de Saúde Coronel Médico Cláudio de Saboya David — o primeiro espaço da FAB voltado exclusivamente à saúde mental.
A nova unidade, vinculada à Diretoria de Saúde da Aeronáutica (DIRSA), representa um movimento institucional concreto: reconhecer que o bem-estar psicológico é parte essencial da performance das organizações, inclusive nas Forças Armadas.
Um espaço de escuta, acolhimento e cuidado especializado
O novo centro foi pensado para ser um ambiente de escuta qualificada, orientação e atendimento especializado, com apoio de uma equipe multidisciplinar. A iniciativa foi amplamente divulgada pelos canais da FAB e pela imprensa especializada, como o portal Aeroflap.
Durante a solenidade de inauguração, a coronel médica Nathalie Hemmi Valente destacou que saúde mental deve ser tratada com o mesmo grau de prioridade das demais áreas médicas, apontando a nova estrutura como um símbolo de escuta ativa e acolhimento real.
Já o diretor de Saúde da Aeronáutica, major-brigadeiro médico Laerte, reforçou que iniciativas como essa não são apenas políticas de RH, mas, sim, investimentos de longo prazo em prevenção, permanência e performance.
O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, resumiu com precisão o espírito da proposta ao afirmar que “por trás da farda há um ser humano, com emoções, família e necessidades”.
Fator crítico à produtividade e sustentabilidade
A iniciativa da FAB joga luz sobre um tema que não é mais exclusividade da esfera pública: o papel da saúde mental na produtividade e sustentabilidade organizacional. No setor privado, o debate avança — especialmente entre empresas representadas pelo SINDICOMIS NACIONAL/ACTC, cuja Convenção Coletiva de Trabalho já prevê diretrizes para ações estruturadas de cuidado psicológico.
A inauguração da unidade na FAB serve como exemplo concreto de como políticas públicas e institucionais podem se converter em resultados tangíveis — algo que o setor privado também pode replicar.
Diminuição do absenteísmo
Empresas que investem em bem-estar mental tendem a registrar níveis menores de absenteísmo, apresentam maior engajamento interno e tornam-se mais atrativas para profissionais qualificados. Além disso, organizações que promovem ambientes de escuta ativa e acolhimento constroem culturas corporativas mais robustas e resilientes. Estes fatores, especialmente em momentos de crise ou mudança, fazem a diferença na continuidade dos negócios.
No caso específico das representadas pelo SINDICOMIS NACIONAL, há ainda um componente normativo: aderir a programas de saúde mental é também uma forma de assegurar conformidade com a convenção coletiva e evitar riscos legais e reputacionais.
O momento é este
O momento, portanto, é propício para transformar o que está no papel em prática efetiva. Assim como a FAB concebeu uma estrutura própria e especializada, as empresas podem — dentro de suas realidades — implantar ações escaláveis e eficazes.
Desde diagnósticos internos para mapear o cenário emocional das equipes até a criação de espaços físicos ou virtuais de acolhimento, passando por campanhas educativas, apoio psicológico profissional e acompanhamento de indicadores como turnover, absenteísmo e satisfação interna.
Mais do que cumprir uma cláusula contratual, trata-se de abraçar uma nova mentalidade empresarial, que entende que saúde não é só ausência de doença — é o que permite às pessoas contribuírem com talento e sustentabilidade.
De diferencial a necessidade
Ao seguir o exemplo da FAB, empresas sinalizam ao mercado e à sociedade que estão alinhadas com as melhores práticas de gestão humana. Cuidar da saúde mental deixou de ser um diferencial competitivo: virou necessidade estratégica, especialmente em setores como comércio exterior, logística e serviços aduaneiros, onde o capital humano é o maior ativo.