Centenas de projetos de infraestrutura previstos para 2025 e 2026 podem ser impactados pela escassez de servidores públicos qualificados em órgãos estratégicos do governo federal. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, tanto o Ministério de Portos e Aeroportos quanto a estatal Infra S.A. alertam para riscos de atrasos em decorrência da insuficiência de pessoal.
Um relatório interno do Ministério de Portos e Aeroportos aponta que a Coordenação-Geral de Logística e Contratações (CGLC), responsável por licitações e contratos, opera com apenas 17 funcionários. O documento pede a alocação urgente de pelo menos dez empregados terceirizados e estima que o quadro ideal seria de 53 pessoas — mais que o triplo do atual.
De janeiro a abril deste ano, a CGLC precisou conduzir cerca de 200 processos administrativos e gerenciar diretamente 51 contratos. O coordenador da área responde por 31 contratos simultaneamente, além de funções gerenciais.
Já a Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, também enfrenta limitações estruturais. Responsável por estudos e planos logísticos, a estatal soma 84 projetos em andamento, incluindo rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos.
Um pedido de expansão de pessoal, que aumentaria o quadro de 872 para 1.166 postos, foi rejeitado neste mês pela Secretaria de Coordenação e Governança das Estatais (Sest), que questionou a justificativa técnica e o impacto orçamentário. A Sest autorizou, no entanto, concurso público para preencher cargos já existentes.
A Infra S.A. afirmou que atualmente tem cerca de 700 empregados em exercício, dos quais 32% estão cedidos a outros órgãos. Parte dos quadros é formada por servidores remanescentes de estatais extintas, como RFFSA e Geipot.
Em nota, o Ministério de Portos e Aeroportos reconheceu o desafio de recompor sua estrutura após mais de uma década sem concursos. A pasta informou que encaminhou ao Ministério da Gestão e Inovação (MGI) a solicitação para ampliar sua equipe com servidores aprovados no Concurso Nacional Unificado, realizado em 2024.
O MGI confirmou a previsão de alocação de novos servidores para o ministério e reiterou que a Infra S.A. ainda possui cerca de cem cargos autorizados que podem ser preenchidos conforme a estratégia da empresa.
(Mundo Logística)