Investimento bilionário em ferrovias deve dobrar chegada de cargas ao Porto de Santos

Com o investimento de R$ 3,8 bilhões na Malha Sudeste, o escoamento de cargas ao cais santista aumentará nas próximas décadas. De acordo com a Autoridade Portuária de Santos (APS), o objetivo é que haja um aumento de 45 milhões de toneladas na capacidade de carga transportada via modal ferroviário em 20 anos, o que dobraria a marca atual.

A Malha Sudeste, uma das principais redes ferroviárias de transporte de cargas do Brasil, conecta os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo aos portos de Santos e Itaguaí (RJ). O contrato de concessão da Malha Sudeste foi repactuado com a concessionária MRS e assinado no último dia 18, no Tribunal de Contas da União (TCU).

O investimento bilionário será voltado à melhoria da eficiência operacional e do transporte de cargas no trecho. A oficialização do acordo decorre de uma solução consensual aprovada pelo TCU, envolvendo o Ministério dos Transportes, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) e a MRS Logística.

A repactuação acrescenta cerca de R$ 2,8 bilhões em outorga a ser paga pela concessionária, contribuindo para o reequilíbrio contratual e para a execução do plano de investimentos. Procurada, a MRS não se manifestou.

Porto de Santos

Em nota, a APS informou que a ampliação da rede ferroviária já estava no planejamento de expansão do Porto de Santos. Para receber o aumento de demanda de cargas, a APS promoveu a cessão da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips) há cerca de dois anos.

“O objetivo é atender à projeção do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos (PDZ), de aumento da carga transportada via modal ferroviário em cerca de 45 milhões de toneladas para os próximos 20 anos (saindo dos atuais 45 milhões para aproximadamente 90 milhões), com aumento da participação do modal no escoamento do Porto de 33% para 40%”, informa a nota.

Além desse incremento na malha ferroviária interna, a APS afirma que enviou ao Governo Federal uma proposta de ampliação da área do Porto Organizado, o que aumentaria a área portuária em até 164% nas próximas décadas — saltando dos atuais 7,8 milhões de metros quadrados de área operacional seca para mais de 20 milhões de m², passando a incluir áreas em Cubatão, São Vicente e Bertioga, além de Santos e Guarujá.

Segundo a APS, essas áreas, quando ofertadas ao mercado, poderão atender ao crescente aumento da movimentação de cargas e ao desenvolvimento econômico do país.

Terminais precisam investir no mesmo ritmo

O consultor portuário Ivam Jardim, diretor da Agência Porto Consultoria, afirma que a modernização promovida pelos terminais é um componente decisivo para que o modal ferroviário ganhe participação e o Porto de Santos opere em um patamar mais elevado de desempenho.

Ele cita o exemplo do setor de grãos e de um terminal que implantou um novo pátio ferroviário projetado para receber composições maiores, aumentando a capacidade operacional. “Essa ampliação permite maior giro por trem, regularidade no fluxo e redução do tempo de permanência da composição na faixa”, afirma Jardim.

Jardim destaca ainda obras recentes no setor de celulose, que comportam mais linhas férreas e permitem o recebimento simultâneo de trens mais longos e carregados, ampliando a janela ferroviária dos operadores.

O consultor explica que a modernização também avança no corredor de exportação. Segundo ele, alguns terminais investiram em sistemas modernos de recepção ferroviária, “com destaque para a adoção de equipamentos que realizam a movimentação dos vagões até as moegas — estruturas em formato de funil para receber e transferir granéis sólidos — e posteriormente encaminham os vagões vazios para linhas de retorno, elevando a produtividade e eliminando gargalos de manobra”.

Malha importante

O consultor portuário Rodrigo Paiva, da Graf Infra Consulting, afirma que, sem investimentos, o esgotamento do modal ferroviário ocorreria em curto prazo, já que o percentual de utilização da capacidade é superior a 90%.

“Os investimentos na Malha Sudeste tendem a eliminar gargalos ferroviários prévios à chegada ao Porto, principalmente em conflitos urbanos, melhorias operacionais, novos pátios e renovação de frota. Esses investimentos são fundamentais”, diz Paiva.

(A Tribuna)

Associe-se

Filie-se

Dúvidas?

Preencha o formulário abaixo e nossa equipe irá entrar em contato o mais rápido possível!