Para presidente da MSC, é preciso investir em infraestrutura nos portos

Elber Justo falou sobre o assunto no segundo dia do Seminário Internacional do Café, que acontece em Santos

O segundo dia da 24ª edição do Seminário Internacional do Café, na quarta-feira (22), em Santos (SP), teve como destaque o painel com autoridades e empresários do setor portuário que discutiram os impactos da infraestrutura na movimentação de cargas pelo Porto de Santos. O debate tratou da geração de novos investimentos e se estendeu para a infraestrutura de outros portos do país, com uma atenção especial para a dragagem dos canais de acesso e navegação.

O painel, mediado pelo presidente da Associação Comercial de Santos (ACS), Mauro Sammarco, foi composto pelo presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, o diretor geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery, o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Alex Ávila, o gerente administrativo da Cooxupé, Ronald Moraes, e o diretor-presidente da MSC do Brasil, Elber Alves Justo.

Justo, que também é presidente do conselho do Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), apresentou um estudo desenvolvido pela instituição, apontando a falta de infraestrutura dos portos brasileiros para receber embarcações mais modernas. Segundo o estudo, a última geração de navios de grande porte suportada pelos portos brasileiros é de 2008 e 2012.

Porém, além de investir na estrutura para receber navios mais novos, Elber Justo ressalta que ainda são necessários esforços para que os portos possam ter embarcações já homologadas no país operando em sua capacidade total.

“Identificamos alguns gargalos. O maior deles é a falta de capacidade de infraestrutura pra operar os maiores navios que já operam no Brasil. Navios de 10 mil, 11 mil, 14 mil TEUs, operam com muitas restrições. O objetivo é que a gente consiga tanto na parte de profundidade de canais, como na parte de retroárea, receber esses navios a plena carga e contribuir com o crescimento do comércio brasileiro”, destacou o executivo.

O estudo usa como exemplo a operação de navios de 11.500 TEU, que são recebidos em calados com restrições nos portos de Santos, Rio de Janeiro, Salvador (BA), Pecém (CE) e Suape (PE). Segundo o documento, isso faz com que cada embarcação deixe de movimentar cerca de 1 milhão de toneladas por ano.

Outro gargalo está na capacidade dos terminais. O estudo mostra que existe um crescimento orgânico da carga de 5,5% ao ano, mas a capacidade instalada e operacional dos portos brasileiros não acompanham esse ritmo. O documento aponta que a demanda de cargas atingiu o limite da capacidade operacional em 2021, e de lá pra cá, só tem piorado.

A pauta é relevante para o seminário, especialmente por conta da expectativa para um novo aumento na safra de café colhida em 2024. Este será o terceiro aumento anual seguido, sequência que só se repetiu apenas sete vezes em 144 anos. Esses números, além da estimativa do Observatório do Café de um novo crescimento em 2025, geram discussões sobre como o setor cafeeiro pode aproveitar o bom momento, com os desafios logísticos sendo protagonistas dentro do debate.

O foco maior na dragagem do Porto de Santos ocorre por conta da participação expressiva do complexo portuário na exportação do café. Cerca de 80% do produto movimentado no país passa por Santos.

Segundo o diretor-presidente da MSC do Brasil, a saída para solucionar esse problema são as políticas públicas e a celeridade por parte do poder público. “É importante esse assunto ser trazido aqui no Seminário para dar coro para esses anseios e tentar sensibilizar o poder público para agilizar esses investimentos”.

Justo ainda aborda a necessidade da retomada dos leilões e promoção de investimentos em terminais, visando aumentar o armazenamento das cargas e manter a alta produtividade dos navios.

O presidente da APS, Anderson Pomini, destacou os investimentos de R$ 10,6 bilhões para o Porto de Santos anunciados pelo Governo Federal para os próximos cinco anos. Dentro da carteira de investimentos, está previsto um aporte de R$ 324,1 milhões para a dragagem de aprofundamento do canal de acesso para 16 metros. A profundidade de 17 metros, demandada pelo setor de logística, só deve chegar após a concessão do canal, que será feita em modelo de parceria público-privada (PPP). O contrato de 20 anos incluirá as obras de dragagem e contará com um investimento de R$ 5,8 bilhões.

 

Fonte: Be News

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