Recuperação econômica surpreende e ajudará a reduzir déficit público já em 2021, diz ministro da Economia

O ritmo de recuperação da economia brasileira em 2021 e a criação de um novo mecanismo de qualificação profissional que vai criar dois milhões de empregos para jovens brasileiros foram temas destacados pelo ministro da economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira (25/5), em participação na 22ª edição da CEO Conference Brasil, do banco BTG Pactual. O ministro disse que os resultados positivos na arrecadação tributária, refletindo a retomada dos níveis de atividade, devem permitir a redução de déficit público deste ano.

Guedes também ressaltou que o Brasil gerou 800 mil empregos formais de janeiro a março e que deve alcançar a marca de 1 milhão de novos vagas com carteira assinada no primeiro quadrimestre. O ministro reforçou que a vacinação em massa da população brasileira é essencial e representa, hoje, a melhor política econômica e de saúde, pois permitirá o retorno seguro da população ao trabalho, impulsionando a retomada dos níveis

Guedes participou do painel “Perspectiva Econômica Brasileira: Reformas & Agenda Fiscal”, integrante da 22ª edição da CEO Conference Brasil. A moderação foi realizada pelo economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida. Durante o evento, destacou que o Brasil surpreendeu o mundo no ano passado ao colocar em prática um conjunto de ações que contiveram a desaceleração econômica diante dos impactos da pandemia de Covid-19. No começo de 2020, havia agentes de mercado que apostavam em queda de 9% no Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, mas a retração foi bem menor, de 4,1%.

Além de as políticas públicas terem evitado impactos ainda mais fortes sobre economia, conseguiram também preservar e criar empregos, lembrou o ministro em referência a dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que apontaram geração de mais de 140 mil empregos formais em 2020 (revertendo o pico de perda de vagas durante a fase mais crítica da crise gerada pela pandemia). O ministro da Economia ressaltou a importância do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), que evitou a demissão de 11 milhões de trabalhadores formais no ano passado. O programa está de volta em 2021 e ajudará o Brasil a manter postos de trabalho até que seja superada a crise provocada pela Covid-19, apontou o ministro.

Qualificação

Para estimular ainda mais a geração de oportunidades de trabalho, Guedes informou que muitas empresas já demonstraram interesse em participar de um novo programa de estímulo à qualificação profissional para jovens que está sendo elaborado pelo governo “Vamos atender o jovem de 18, 19, 20 anos que está sem escola, sem treinamento, para participar do sistema de qualificação durante o trabalho”, disse Guedes “Acredito que podemos criar dois milhões de empregos, rapidamente. Já temos empresas conversando com a gente”, revelou. O passo seguinte, apontou Guedes, será avançar para a Carteira de Trabalho Verde e Amarela, um mecanismo que permitirá atender milhões de brasileiros que atualmente estão no mercado informal. “Vamos trazê-los para a formalização, com uma família de produtos para atacar o desemprego em massa”, afirmou o ministro da Economia.

Dados positivos

Além da recuperação dos níveis da arrecadação federal (que refletem a retomada da economia), o ministro da Economia destacou que a agenda de reformas e de modernização do Estado avançou no ano passado, mesmo nos momentos de mais impacto da crise gerada pela pandemia seguirá avançando. Lembrou que recentemente foram aprovadas a nova Lei de Falências, de autonomia do Banco Central, o novo marco do gás natural. Citou que foram superados impasses de décadas com os avanços no acordo entre Mercosul e União Europeia e o fim dos impasses a respeito das desonerações de exportações por meio da Lei Kandir e o avanço das privatizações. Guedes destacou o leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) do Rio de Janeiro, em 30 de abril, além de recentes concessões de aeroportos e terminais portuários.

Segundo o ministro, o sucesso das privatizações comprova que há interesse dos investidores privados em atuar no Brasil. E ressaltou que a participação privada é essencial para levar o Brasil rumo ao crescimento sustável, de longo prazo, com geração de empregos, renda e riquezas. O ministro da Economia também afirmou que a reforma tributária que está sendo discutida com o Congresso será simples, descartando qualquer hipótese de aumentos da carga tributária. “Vai ser difícil ficar contra”, declarou o ministro.

O economista-chefe do BTG Pactual, inclusive, advertiu que a mais recente previsão oficial de crescimento do PIB, de 4,3%, é modesta, e deverá surpreender, diante dos recentes resultados positivo da economia. Segundo Mansueto Almeida, facilmente o Brasil alcançará crescimento em torno de 5% este ano. “Poucos países estão fazendo a trajetória de volta tão rápida”, disse Mansueto, referindo-se à recuperação do Brasil no cenário global de desafios perante a crise da pandemia da Covid-19.

Guedes ressaltou que essa retomada é saldo de ações executadas desde o início de governo, com destaque para a Reforma da Previdência e o controle do endividamento público e o encaminhamento da Reforma Administrativa, que vai conter o aumento das despesas com pessoal no setor público. A persistência na rigidez fiscal e na agenda de reformas permitirá, inclusive, que o Brasil volte a ter superávits primários mais rapidamente, permitindo fôlego ao Estado para prestar melhores serviços à sociedade.

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