O recente anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a respeito do pacote de corte de gastos que visa economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, traz importantes reflexões e considerações acerca de seus impactos no setor empresarial e nos colaboradores das instituições representadas pelo SINDICOMIS NACIONAL, ACTC e CIMEC.
Impactos nas empresas do setor
Competitividade e sustentabilidade
As mudanças propostas pelo governo, especialmente aquelas relacionadas à limitação do abono salarial e à regulamentação do teto salarial no serviço público, têm o potencial de alterar significativamente o panorama econômico no qual nossas empresas atuam. Uma contenção de gastos no setor público pode significar maior previsibilidade fiscal, o que é positivo para o ambiente de negócios, já que permite um planejamento a longo prazo mais sólido e um aumento da confiança dos investidores.
Custos operacionais
No entanto, é necessário considerar que qualquer medida de austeridade que afete o poder aquisitivo da população pode ter reflexos sobre a demanda por bens e serviços. As empresas de logística, comissários de despacho e transitários dependem de um mercado consumidor robusto para manter suas operações. Nesse sentido, a redução do abono salarial e as mudanças na aposentadoria podem diminuir o poder de compra de uma parcela significativa da população, impactando o volume de negócios e, por consequente, os custos operacionais ligados a uma possível queda de demanda.
Efeitos para os colaboradores
Salário mínimo e abono salarial
Mudanças na regra de reajuste do salário mínimo, atreladas ao arcabouço fiscal, e a limitação do abono salarial afetam diretamente a capacidade de consumo dos trabalhadores. Para nossos colaboradores, que muitas vezes estão na base da pirâmide salarial, essas medidas podem resultar em um menor poder de compra, aumentando a necessidade de cuidado com a gestão financeira pessoal e pressionando as empresas a buscarem alternativas de apoio para garantir a motivação e o bem-estar do pessoal.
Benefícios para a saúde
A destinação de 50% das emendas de comissão para a saúde é uma medida que merece ser destacada, pois reforça a infraestrutura sanitária do país. Essa alocação de recursos é essencial, especialmente após os desafios impostos pela pandemia da Covid-19. No entanto, é crucial que esses recursos sejam bem gerenciados para que tragam benefícios concretos para a população, incluindo nossos colaboradores, que dependem de um sistema de saúde eficiente para se manterem produtivos e saudáveis.
Medidas e propostas das instituições
Como representantes de entidades de grande relevância para o comércio exterior e a logística nacional, é nosso dever atuar proativamente para mitigar os impactos negativos que essas mudanças podem trazer e potencializar qualquer oportunidade de melhoria. Assim, propomos as seguintes medidas:
- Diálogo permanente com o governo: manter um canal aberto de comunicação com o governo federal para discutir o impacto das medidas e propor ajustes que possam mitigar seus efeitos negativos sobre a demanda e a operação das empresas.
- Apoio e capacitação: investir em programas de capacitação e apoio financeiro aos colaboradores, ajudando-os a se adaptar às novas realidades econômicas e a manterem seu padrão de vida.
- Inovação e eficiência: fomentar a inovação e a busca por eficiência operacional dentro das empresas, minimizando custos e melhorando processos para manter a competitividade mesmo em cenários adversos.
- Monitoramento e ajustes: implementar um monitoramento constante dos impactos das medidas no setor, ajustando estratégias conforme necessário para assegurar a sustentabilidade das operações e o bem-estar dos colaboradores.
Conclusão
O pacote de corte de gastos detalhado pelo ministro Fernando Haddad apresenta desafios e oportunidades para as empresas e colaboradores do setor de comércio exterior e logística. A resposta a essas medidas dependerá de nossa capacidade de dialogar, inovar e ajustar nossas políticas internas de forma a minimizar impactos negativos e potencializar os efeitos positivos. As instituições SINDICOMIS, ACTC e CIMEC estão comprometidas em liderar este processo, buscando sempre o equilíbrio entre a sustentabilidade econômica e o bem-estar de todos os envolvidos.
Luiz Ramos é presidente do Sindicato Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Carga e Logística (SINDICOMIS), da Associação Nacional das Empresas Transitárias, Agentes de Carga Aérea e Comissárias de Despacho (ACTC) e da Câmara Internacional de Mediação e Arbitragem de Conflitos (CIMEC).