A Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (ABOL) apresentou o “1º Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE)” de seus associados, consolidando dados de 2023. Realizada em parceria com o Instituto Via Green, o objetivo da iniciativa é traçar diagnósticos para ajudar os operadores logísticos a enfrentar os desafios climáticos e adotar políticas de redução de emissões.
A queima de combustíveis fósseis, em especial o diesel, foi identificada como a principal fonte de emissões, representando 94,5% do total no Escopo 1, que corresponde às emissões diretas das operações. Ao todo, as emissões contabilizadas chegaram a 973.987 tCO2e, incluindo 93.741 tCO2bio provenientes de fontes naturais.
O inventário segue o padrão do GHG Protocol e abrange três escopos: o Escopo 1 é referente a emissões diretas das operações, como transporte; o Escopo 2 contempla emissões indiretas, relacionadas ao uso de energia elétrica e refrigeração; e o Escopo 3 considera as emissões indiretas ao longo da cadeia de suprimentos, como de fornecedores e empresas parceiras.
Segundo a diretora-executiva da ABOL, Marcella Cunha, o lançamento reforça o papel da associação na agenda climática. “Com a realização da COP 30 no Brasil e a regulamentação do mercado de carbono prevista para 2025, a urgência para tratar questões climáticas se torna ainda mais evidente. O desenvolvimento de uma agenda focada em ampliar o conhecimento sobre inventários de emissões dentro do nosso setor de logística é essencial para entendermos o impacto de nossas atividades e identificarmos estratégias eficazes para reduzir a emissão de gases poluentes”, afirmou.
DESAFIOS E RESULTADOS
O estudo revelou barreiras significativas para a redução de emissões. Entre as 20 empresas participantes, os custos elevados e a necessidade de investimentos foram citados como os principais entraves. Apenas 33,3% das empresas possuem metas estabelecidas para reduzir emissões em todos os escopos, e 44,4% ainda não adotaram metas. Medidas como o uso de energia renovável, eficiência nos processos e combustíveis alternativos, como veículos elétricos e biometano, estão em fases iniciais.
“Conforme a perspectiva da proposta para o Mercado Regulado de Carbono no Brasil, recém-aprovada no Congresso Nacional e que aguarda sanção presidencial, parte importante das associadas à ABOL estará sujeita à regulação e terá a obrigatoriedade de relatar suas emissões de GEE e/ou atender outras obrigações previstas em lei”, complementou a diretora-executiva da ABOL.
COMPROMISSO ESG
Desde 2021, o Grupo ESG da ABOL tem intensificado esforços em sustentabilidade. Em 2022, a entidade se tornou signatária do Pacto Global da ONU e, em 2023, elaborou a “Matriz de Dupla Materialidade”, identificando cinco temas prioritários: clima, eficiência e carbono; talentos e diversidade; saúde, segurança e bem-estar; ética, integridade, transparência e privacidade. Essa matriz está conectada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
(Mundo Logística)