Os Estados Unidos estão redigindo uma ordem executiva para cobrar tarifas de qualquer navio com alguma relação com a China ao atracar em portos do país, além de pressionar seus aliados a adotarem a mesma medida. Essa decisão pode gerar desafios diplomáticos e comerciais, alertou Roberto Paveck, economista e especialista em inovação e gestão portuária.
Paveck destacou que “no cenário internacional, a iniciativa dos Estados Unidos de incentivar seus aliados a seguirem essa política pode resultar em desafios diplomáticos e comerciais. Se outros países optarem por não aderir, os impactos podem se estender para setores além do transporte marítimo, ampliando as consequências dessa medida”.
O acadêmico acrescentou que, “se a proposta avançar, portos e exportadores globais enfrentarão desafios significativos em meio a uma disputa comercial cuja eficácia econômica ainda é incerta.”
“No entanto, essa medida parece estar mais ligada a uma estratégia política do que a uma solução econômica sustentável, percepção reforçada pelo fato de que políticas semelhantes, como a aplicação de tarifas sobre México e Canadá, foram adiadas logo após serem anunciadas”, afirmou.
“Por fim, o domínio da China na construção naval dificilmente será alterado apenas com tarifas, e os impactos negativos dessa abordagem para os Estados Unidos podem superar os benefícios esperados”, apontou o economista.
Sobre a ideia de impor tarifas de atracação a navios ligados à China, Paveck comentou que “parece menos uma estratégia para fortalecer a indústria naval dos EUA e mais uma forma de pressionar outros países a negociarem sob seus termos. Essa medida pode ter impactos significativos tanto para portos quanto para exportadores ao redor do mundo.”
O economista ressaltou que, “do ponto de vista econômico, essa política tarifária não faz sentido. Os Estados Unidos são responsáveis por apenas 1% da produção mundial de embarcações, enquanto a China domina cerca de 50% do mercado.”
“A tentativa de mudar esse cenário por meio de tarifas parece pouco eficaz, considerando que a China já está anos à frente em capacidade industrial e competitividade no setor. Além disso, Japão e Coreia do Sul também são grandes construtores navais, o que mostra que a indústria naval global não depende exclusivamente da China”, afirmou o especialista.
Quanto aos impactos nos portos, Paveck alertou que a medida pode resultar em menor atividade portuária e torná-los menos atraentes para os armadores. Empresas como a MSC já indicaram a possibilidade de reduzir suas escalas nos EUA para evitar as tarifas. Isso poderia ter impactos diretos na economia portuária, afetando empregos, investimentos em infraestrutura e a competitividade do comércio marítimo americano.
No setor exportador, Roberto enfatizou que as tarifas podem aumentar os custos logísticos, reduzindo a eficiência das cadeias de suprimentos e tornando os produtos americanos menos competitivos no mercado global.
“Com menos opções de transporte, as empresas podem enfrentar dificuldades para distribuir seus produtos de maneira eficiente e econômica”, concluiu Paveck.
Fonte: PortalPortuario
Tradução por: Sindicomis