Declaração ocorreu durante missão no Japão para ampliar parcerias comerciais e melhorar a inserção do Brasil no mercado internacional; especialista da FDC ponderou
Durante visita oficial ao Japão, o ministro dos Transportes, Renan Filho, ressaltou que o Brasil tem capacidade logística para ampliar suas exportações. A declaração foi feita após reunião com empresários da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Renan Filho destacou que, nos últimos dois anos, o país avançou significativamente na construção de uma infraestrutura capaz de escoar a produção nacional com mais agilidade e segurança. Segundo o ministro, o fortalecimento da estrutura logística é um dos pilares para a ampliação das exportações brasileiras.
“Construímos novos caminhos logísticos capazes de transportar a nossa produção com agilidade e segurança para dentro e fora do país”, afirmou o ministro. Ele reforçou que o aumento das exportações tem impacto direto na geração de emprego e renda no Brasil.
A missão ao Japão faz parte da estratégia do Governo Federal de ampliar parcerias comerciais e melhorar a inserção do Brasil no mercado internacional. Além de Renan Filho, também participaram da agenda os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
O avanço logístico é real?
Para o professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, o avanço citado pelo ministro é real, especialmente no que se refere à transferência de ativos da infraestrutura para a gestão privada. “[O avanço aconteceu] principalmente sobre o ponto de vista da transferência de ativos da infraestrutura, como rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, para a iniciativa privada. Houve, inclusive, uma aceleração dessas transferências no ano passado”, afirmou.
Segundo ele, o Brasil está implementando um dos programas mais acelerados de concessões da atualidade. “Atualmente, não conheço nenhum outro país com volume de concessões sendo realizadas em todos os modais de transportes da maneira que o Brasil está fazendo.”
No entanto, Resende ponderou que a estrutura atual ainda não é suficiente para suportar um salto nas exportações. “Entre os principais países de dimensões continentais, o Brasil tem o maior desequilíbrio na matriz de transportes, com uma altíssima dependência do transporte rodoviário”, explicou. Ele também chamou a atenção para a ausência de infraestrutura nas fronteiras agrícolas e a baixa utilização de ferrovias e hidrovias. “A nossa conexão com o Pacífico é próxima de zero. Hoje, nós não fazemos essa conexão. Então, nós precisaríamos de trabalhar as conexões bioceânicas.”
O pesquisador reforçou que há uma evolução em curso, mas ela ainda está distante do ideal: “A evolução logística está acontecendo, mas longe de ser aquela que nós precisamos.”
Fonte: Mundo Logística