Fazenda apresenta dados macroeconômicos e fiscais à equipe do Fundo Monetário Internacional

Impacto das tensões externas, tendências de inflação e atividade econômica, além da situação fiscal do Brasil, foram destaques na reunião de abertura da missão técnica do FMI

Representantes do Ministério da Fazenda (MF) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) realizaram na quarta-feira (2/4) a reunião de abertura da missão técnica da instituição ao Brasil, com a apresentação de dados macroeconômicos e da política fiscal do país. No encontro, em Brasília, foram discutidos os impactos das incertezas globais sobre o Brasil e a América Latina, a evolução e as tendências da inflação, as perspectivas para o crescimento da economia e os resultados da política de ajuste fiscal do governo federal, entre outros temas.

A subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal, enfatizou que incertezas relacionadas à política comercial nos Estados Unidos levaram a um aumento global da aversão ao risco e ao fortalecimento do dólar até fins de janeiro, tornando mais difícil a continuidade do processo de desinflação nos países da América Latina.

No entanto, ela enfatizou que, dentre os países da América Latina, o Brasil está bem-posicionado. “Antes de janeiro, o carry trade do real em relação ao dólar era menor do que o do peso mexicano e colombiano, mas desde então se recuperou, fortalecendo a moeda brasileira não apenas em relação ao dólar, mas também em relação a outras moedas latino-americanas”, explicou.

Segundo a subsecretária, os movimentos do real desde 2024 estão muito mais relacionados ao contexto externo e aos diferenciais de taxas de juros do que à situação fiscal do Brasil.

Pressão inflacionária

Do lado da inflação, ela comentou que o aumento dos preços ao consumidor em 2024 foi impulsionado “principalmente por choques cambiais e climáticos”, entre outros fatores, como a alta dos preços das commodities. “O índice de commodities agrícolas brasileiras, que considera os preços agrícolas mais relevantes para o Brasil, aumentou quase 12% em dólares e mais de 40% em reais, contribuindo para o aumento nos preços de alimentos”, disse Raquel.

A expectativa, de acordo com ela, é de que em 2025 a inflação permaneça perto dos níveis de 2024, apesar das taxas de juros mais altas, impulsionada pela inércia e por efeitos defasados da taxa de câmbio. Já para 2026 e 2027, as projeções indicam o retorno gradual da inflação ao centro da meta.

Crescimento econômico

Ouro destaque da apresentação foi o ritmo de crescimento do país em 2024, que surpreendeu em relação às projeções medianas do mercado. “No início do ano, o mercado esperava crescimento de 1,5% para o PIB de 2024, enquanto o Ministério da Fazenda projetava alta de 2,2%. Essas estimativas foram revisadas para cima, até atingir 3,5% em dezembro”, mostrou o coordenador-geral de Projeções Econômicas, Rafael Leão.

Ele ressaltou que, ao longo do ano, surpresas positivas para o crescimento refletiram o bom desempenho de setores cíclicos, impulsionados pelo avanço do crédito e redução no desemprego. “O desemprego atingiu a mínima histórica em meio à expansão da população ocupada e da força de trabalho. Houve uma aceleração nas concessões de crédito, paralelamente ao crescimento da emissão de títulos privados no mercado de capitais, ajudando a sustentar o crescimento”, pontuou.

Já em 2025, segundo Leão, o crescimento econômico deve desacelerar, refletindo menor expansão em setores cíclicos, ao passo que o forte desempenho em setores não-cíclicos ajudará a mitigar uma desaceleração mais pronunciada.

Ele acrescentou que o crescimento potencial aumentou nos últimos anos e está próximo de 2,5%, de acordo com estimativas preliminares.

Política fiscal

Na parte final da apresentação, a subsecretária de Política Fiscal, Débora Freire, disse que a estratégia de política fiscal do lado da receita – focada em recuperação da base tributária, correção de distorções e aumento da progressividade – teve um impacto positivo, aumentando as receitas e sua participação no PIB. “A receita líquida do governo central aumentou de 17,4% do PIB em 2023 para 18,4% em 2024, e projetamos que chegará a 18,7% em 2025”, afirmou.

Ela explicou que o novo arcabouço fiscal – limite de gastos e metas primárias –, combinado com ferramentas de gestão orçamentária, desempenhou um papel crucial na desaceleração do crescimento das despesas e a expectativa é de que a participação das despesas no PIB diminua. “As medidas de consolidação fiscal introduzidas no final de 2024 serão essenciais para conter o crescimento dos gastos obrigatórios e reforçar o arcabouço fiscal”, frisou.

Para 2025, segundo a subsecretária, o Ministério da Fazenda planeja adotar uma abordagem mais cautelosa na gestão orçamentária, durante o primeiro semestre, com o objetivo de atingir os limites de crescimento das despesas e cumprir a meta fiscal para o ano. “No primeiro ano do arcabouço fiscal, a meta de saldo primário foi atingida. O Governo Federal está comprometido em seguir a trajetória de metas estabelecida para alinhar as políticas fiscal e monetária e gerar superávits maiores no longo prazo, estabilizando a dívida pública”, ressaltou Débora.

Fonte: DespachantesAduaneiros.Com

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