O gráfico abaixo, criado pela Linerlytica, destaca as companhias de transporte marítimo de contêineres mais expostas na rota transpacífica devido à guerra comercial em curso iniciada por Donald Trump, então presidente dos Estados Unidos, contra a China — que, na prática, paralisou a maior parte das transações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
Segundo pesquisa da Linerlytica, as empresas mais afetadas pelo impacto imediato são Hede, Matson, SeaLead, TS Lines e COSCO. A análise aponta que entre 30% e 40% das importações de contêineres na rota transpacífica continuam efetivamente bloqueadas pelas tarifas.
“O impasse entre EUA e China continua afetando negativamente o sentimento do mercado de contêineres, com as concessões tarifárias dos EUA sendo insuficientes para restaurar os volumes na rota transpacífica. As reservas de carga nas próximas três semanas apresentam queda de 30% a 60% na China e de 10% a 20% no restante da Ásia”, observou a Linerlytica em seu relatório semanal mais recente.
A empresa ainda destacou que os próximos feriados do Dia do Trabalho devem reduzir ainda mais a demanda por cargas em maio, o que pode forçar as transportadoras a cancelarem novas viagens nas próximas semanas para conter a queda nas tarifas de frete.
Dados da Clarksons Research indicam que 6% do comércio global de contêineres, medido em TEU, correspondem a importações dos EUA provenientes da China — as duas superpotências mundiais — que agora passarão a ser taxadas com tarifas elevadas de pelo menos 145%. Outros 8% estão sujeitos à tarifa-base de 10%.
“Para as transportadoras menores e de nicho, a guerra comercial é particularmente destrutiva”, alertaram analistas da Sea-Intelligence no domingo. “A maioria delas depende de grandes volumes provenientes da China em seus serviços e não está preparada para, de forma repentina, substituir essa carga por produtos de origem não chinesa. Para algumas dessas empresas, é possível que vejamos a suspensão completa de serviços durante o período da guerra comercial.”
As grandes transportadoras globais devem concentrar suas escalas em menos portos norte-americanos nos próximos meses, ao mesmo tempo em que transferem parte das operações na China para outros centros de manufatura na Ásia.
Os efeitos da guerra comercial já começam a aparecer nos números dos portos: segundo o Ministério dos Transportes da China, entre os dias 7 e 13 de abril, o volume de contêineres movimentados nos portos chineses caiu 6,1%.
Fonte: Splash247