O Canal de Suez, no Egito, anunciou um desconto de 15% nas taxas de trânsito para navios porta-contêineres com capacidade a partir de 13.500 TEUs ao longo dos próximos três meses. A medida busca incentivar o retorno do tráfego marítimo à rota, em meio a sinais de que a crise no Mar Vermelho pode estar se estabilizando.
Segundo a Autoridade do Canal de Suez, a decisão foi tomada “em resposta a pedidos de armadores e operadores de navios porta-contêineres e à luz dos recentes desenvolvimentos positivos na situação de segurança no Mar Vermelho e no Estreito de Bab al-Mandab”.
As receitas do canal despencaram mais de 50% no último ano, após grande parte da frota mercante global — especialmente os navios porta-contêineres — desviar suas rotas para evitar a região, alvo de ataques dos rebeldes houthis do Iêmen em apoio ao Hamas no conflito contra Israel.
Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que a crise estaria chegando ao fim após mais de 17 meses, alegando que os houthis concordaram em cessar os ataques contra navios comerciais, enquanto os EUA suspenderiam seus ataques retaliatórios. A declaração foi endossada pelo ministro das Relações Exteriores de Omã, que atua como mediador nas negociações. No entanto, os houthis continuaram a lançar mísseis contra Israel, o que levou a novos ataques de resposta por parte de Tel Aviv.
Apesar dos sinais de possível distensão, a maior parte das empresas de navegação segue cautelosa. O CEO da Maersk, Vincent Clerc, declarou que seria “irresponsável” retomar os trânsitos pelo Mar Vermelho com base em um cessar-fogo mal definido, destacando que a região ainda é altamente volátil.
Em entrevista ao site Splash, Lars Jensen, CEO da consultoria Vespucci Maritime, afirmou: “Não acredito que um desconto de 15% tenha impacto significativo na decisão de transitar ou não pelo Mar Vermelho nas condições atuais. Essa decisão depende essencialmente da avaliação de risco.”
Analistas do banco de investimentos Jefferies também adotaram um tom de cautela em nota a clientes: “Dado o fluxo de notícias volátil, não esperamos uma corrida imediata para a retomada do tráfego no Mar Vermelho. Os riscos continuam elevados.”
Segundo a Jefferies, os desvios de rota reduziram a capacidade global da frota entre 11% e 12%, o que representa a diferença entre um mercado saudável e outro com capacidade de precificação limitada pelas transportadoras.
(Splash 247)