Durante a 9ª edição do Congresso ABOL, associadas da Associação Brasileira de Operadores Logísticos discutiram os impactos da Reforma Tributária, importância da participação da opinião dos Operadores Logísticos (OLs) no PNL 2050 e até a nova ordem do comércio exterior. O evento aconteceu em agosto na cidade de São Roque (SP).
A diretora-executiva da ABOL, Marcella Cunha, explicou que a entidade procura realizar cada edição com especialistas qualificados, que tratam de temas que afetam diretamente o dia a dia dos OLs.
“Promover um momento de aproximação entre os associados, que são líderes do setor, em um ambiente que traz liberdade de troca de informações e experiências é, com certeza, muito rico”, completou.
Mercado internacional
Um dos assuntos debatidos entre eles foi o desafio dos OLs em relação ao comércio internacional, já que a tarifa média de importação para os Estados Unidos é a mais alta desde 1941.
De acordo com a sócia-fundadora e diretora de Relações Institucionais da Tendências Consultoria, Denise de Pasqual, o comércio exterior pode esperar um ambiente de maior incerteza dos agentes, com taxas futuras de juros com grande volatilidade, o que não é convencional para o mercado norte-americano.
A executiva também comentou sobre a competitividade do Brasil e o atual momento nacional. “A percepção do risco fiscal permanece elevada. Isso porque, ainda que o governo consiga cumprir as metas do arcabouço este ano, há um aumento estrutural de gastos e do endividamento”, explicou.
Nesse contexto, o diretor de Relações Governamentais e Comércio Internacional da BMJ, José Pimenta, complementou que a logística necessita pensar em novas rotas, mercados e modais. Segundo ele, alguns OLs estão “desovando” produtos no mercado interno, por conta do choque de preço e ainda há quem está em ritmo de fechamento, paralisando operações ao menos temporariamente porque tinham os Estados Unidos como principal comprador. Para finalizar, o último grupo de operadores está buscando outros países e até outras regiões.
Porém, Pimenta reforçou que é importante entender que não há solução para essa questão a curto prazo. “A situação ainda vai piorar e se estender até que possamos começar a enxergar uma saída”, completou.
Essa visão foi reforçada pelo CCO da Santos Brasil, Ricardo Buteri. “O cenário global nos mostra que não basta reagir às mudanças: precisamos agir de forma estratégica, explorando oportunidades e gerando soluções inovadoras”, enfatizou.
Impactos da Reforma Tributária
A Reforma Tributária foi destaque durante a 9ª edição do Congresso ABOL. As mudanças fiscais que começam a entrar em vigor em 2026 preocupam o setor. O sócio da Stocche Forbes Advogados, Paulo Duarte, argumentou que essa reforma não é tributária, mas sim econômica, que trará ganhos para os OLs e que reduzirá os problemas enfrentados atualmente.
Ele ainda afirmou que os tributos não podem interferir nas decisões de consumo. “Produtos muito semelhantes não podem ter tributos tão distintos a ponto de influenciar o consumidor final”, pontuou.
Plano Nacional de Logística 2050
Para os associados presentes no evento organizado pela ABOL, o Plano Nacional de Logística (PNL) 2050 impactará as políticas de transporte. No entanto, o coordenador-geral de Política de Planejamento no Ministério dos Transportes, Rodrigo Ferreira, explicou que o plano vem sendo elaborado de forma colaborativa. Ele afirmou que os agentes que serão atingidos pelas diretrizes estão sendo ouvidos.
“Nós contamos muito com a participação dos Operadores Logísticos para que possamos elaborar essas visões de futuro, que são ambiciosas, mas, acima de tudo, factíveis”, completou.
Inovação e liderança
Para finalizar, os associados também comentaram sobre o papel das novas tecnologias no setor de logística. Segundo a sócia da Signal & Cipher e professora na Singularity University, Michelle Schneider, tendências como Inteligência Artificial, biotecnologia e a robótica são transformadoras.
“Juntas, essas três são consideradas ‘Tecnologias de Propósito Geral’, inovações capazes de mudar profundamente a forma como vivemos e trabalhamos, assim como aconteceu com as máquinas a vapor, a eletricidade, os computadores e a internet”, pontuou a especialista.
Em relação à liderança de equipes, o jornalista e apresentador Felipe Andreoli destacou a importância da diversidade. “É essencial: homens, mulheres, jovens, idosos. É importante ter pessoas diferentes. Como você vai evoluir, debater, se todo mundo tem o mesmo background?”, comentou.
O comunicador afirmou que é importante dar espaços para novos talentos e sobre a construção de espaços benéficos para os colaboradores. “A verdadeira motivação nasce de dentro, mas para que isso aconteça, o colaborador precisa se sentir parte do que está sendo construído. Dar liberdade para falar, criar e participar é o que transforma engajamento em resultados.”
(Mundo Logística)