O transporte rodoviário responde por metade das emissões energéticas do Brasil e, dentro desse cenário, o diesel ainda reina absoluto na movimentação de cargas pesadas. Mas esse domínio começa a ser desafiado por um concorrente que ganha espaço: o biometano, biocombustível renovável obtido a partir da purificação do biogás de resíduos agrícolas, pecuários e urbanos.
Segundo a nota técnica “Descarbonização do setor de transporte rodoviário – Intensidade de carbono das fontes de energia”, publicada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), o biometano apresenta a menor intensidade de carbono entre todos os combustíveis avaliados para o setor de transporte rodoviário.
Enquanto o diesel emite em média 86,5 gCO?eq/MJ e o gás natural veicular (GNV) 76,9 gCO?eq/MJ, o biometano certificado pelo RenovaBio atinge apenas 8,35 gCO?eq/MJ. Isso representa uma redução de quase 90% nas emissões por unidade de energia em comparação ao diesel.
A capacidade de produção nacional ainda é limitada, mas cresce rapidamente. Em abril de 2025, o Brasil contava com 12 usinas autorizadas pela ANP, metade delas inauguradas em 2024 ou no início deste ano. Se confirmados os investimentos em andamento, mais 35 usinas poderão entrar em operação até 2027, elevando a capacidade instalada para mais de 2,1 milhões de metros cúbicos por dia.
O combustível tem uma vantagem logística importante: pode usar a mesma rede de infraestrutura do GNV, permitindo tanto o abastecimento em postos quanto a adoção em frotas cativas de transportadoras.