Presidente Trump propõe baixar tarifas chinesas se país retomar importações de soja dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou neste domingo (19), em Washington, que considera reduzir as tarifas impostas sobre importações chinesas. A medida depende de concessões do gigante asiático, incluindo a retomada de compras de soja produzida nos EUA. A declaração ocorre em meio à escalada da guerra comercial, iniciada com aumentos tarifários americanos em 100% sobre bens chineses neste mês, somados aos 30% já vigentes.

A suspensão de embarques de grãos norte-americanos pela China, principal compradora global, agrava perdas para agricultores americanos. Trump enfatizou que os níveis de importação de soja devem retornar ao menos aos patamares de 2024, quando o país asiático absorveu cerca de metade das exportações totais dos EUA.

Dados do Departamento de Agricultura dos EUA indicam que as exportações de soja para a China caíram quase 78% entre janeiro e agosto de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Queda nas exportações americanas
As exportações agrícolas totais para a China registraram redução de 53% nos primeiros sete meses de 2025, segundo relatórios oficiais. Produtores de soja, concentrados no Meio-Oeste americano, enfrentam estoques acumulados sem compradores principais.

A entidade American Farm Bureau Federation, que representa milhões de agricultores, alertou para os efeitos do boicote chinês. O volume de soja embarcada para o mercado asiático praticamente zerou entre junho e agosto deste ano.

Estratégia chinesa de diversificação
A China manteve suas importações de soja em níveis recordes, mas redirecionou as compras para fornecedores alternativos. O Brasil emergiu como principal beneficiário, com contratos para volumes que representam um terço do consumo mensal chinês.

A Argentina também aumentou envios, beneficiada por políticas de isenção de impostos de exportação.

Outros países, como a Rússia, participam em menor escala da rotação de suprimentos.

Essa estratégia reduz a dependência de grãos geneticamente modificados dos EUA, priorizando variedades locais para consumo humano na China.

Impactos nos produtores dos EUA
Agricultores em estados como Illinois, Iowa e Minnesota preparam a colheita de setembro sem pedidos da China pela primeira vez em anos. A American Soybean Association estima perdas de até US$ 12,8 bilhões em relação a 2024, quando o valor das exportações atingiu esse patamar.

Preços internos de soja caíram devido à falta de demanda externa, enquanto custos com insumos, como fertilizantes afetados por tarifas sobre aço, subiram. O governo Trump considera pacotes de auxílio federal para mitigar os efeitos, semelhantes aos de 2019.

A associação de sojicultores enviou carta à Casa Branca pedindo aceleração de negociações. Representantes de fazendas no Meio-Oeste relataram necessidade de armazenamento extra e preocupações com desvalorização de terras agrícolas.

Possíveis negociações bilaterais
Trump expressou otimismo quanto a um acordo sobre soja durante conversa em voo presidencial. Ele mencionou discussões com o presidente Xi Jinping, com foco em volumes pré-tarifários como base para alívio.

Outros itens na pauta incluem restrições chinesas a exportações de terras raras e controle de fluxos de fentanil. A trégua tarifária atual expira em novembro, o que pressiona por avanços antes dessa data.

Analistas observam que quadruplicar compras americanas, como sugerido anteriormente por Trump, enfrenta barreiras logísticas e de concorrência sul-americana.

Resposta de associações agrícolas
A pressão de lobbies agrícolas sobre a administração Trump intensificou-se nas últimas semanas. Grupos como a U.S. Soybean Export Council destacam que tarifas retaliatórias chinesas, agora em até 34%, tornam os grãos americanos menos competitivos.

Em carta recente, a Minnesota Soybean Growers Association defendeu fé em um acordo equilibrado. No entanto, agricultores individuais relatam incertezas que afetam plantios futuros.

  • Entidades pedem inclusão de soja em rodadas de diálogo comercial.
  • Sugerem uso de receitas tarifárias para subsídios temporários.
  • Enfatizam risco de perda permanente de mercado para rivais latino-americanos.

Perspectivas para o comércio global
O redirecionamento chinês de importações acelera mudanças no fluxo agrícola mundial. O Brasil, maior exportador global de soja, registrou aumento de 30% em contratos com Pequim nos últimos meses.

A Argentina, após suspensão de taxas de exportação, posiciona-se como alternativa viável. Essa dinâmica expõe vulnerabilidades na cadeia de suprimentos, com estoques estratégicos chineses estimados em 45 milhões de toneladas cobrindo dois anos de demanda.

Trump reiterou que negociações visam equilíbrio, sem intenção de escalada desnecessária. Representantes comerciais americanos preveem reuniões adicionais antes do fim do ano para alinhar posições.

(Datamar News)

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