Assumimos a direção do SINDICOMIS e da ACTC em 2017. Logo após, veio a reforma trabalhista do Temer e, cerca de dois anos depois, a pandemia. Mesmo assim, sem dúvida alguma, estamos mais fortalecidos institucional e operacionalmente do que antes.
Lá mesmo, em 2017, nossas entidades adotaram algumas novas condutas. Criamos, a duras penas, uma network do mais alto nível – incluindo os três poderes da nação e os órgãos intervenientes do comércio exterior –, enxugamos estruturas, repensamos como deveríamos nos comunicar com todos os representados e estabelecemos parcerias com setores que sequer antes imaginávamos (como universidades, bancos e entidades internacionais, por exemplo). Criamos a primeira Câmara Internacional de Mediação e Arbitragem de Conflitos (CIMEC), a qual tem servido de instância prevista na convenção coletiva, sempre que houver algum desacordo.
É importante que os sindicatos se rejuvenesçam e que aqueles desprovidos do senso de realidade sejam acordados pelos seus representados. Essa nova ordem vai além do clichê “temos que ver os associados como clientes e oferecer mais a eles”. Não que esta linha esteja incorreta, mas é uma visão simplista. É fundamental ir além.
Alguns questionam se unir forças com sindicatos afins poderia ser estrategicamente interessante. Indiscutivelmente, sim! Aliás, o SINDICOMIS e a ACTC já praticaram essa ação no passado com algumas instituições, dentre elas o SINDASP, com a qual tínhamos um profícuo relacionamento institucional.
Recordo-me, por exemplo, de quando a Presidência do SINDASP era ocupada por outro colega, detentor de uma representatividade excepcional junto aos seus associados, proprietário de uma mentalidade sindical arejada e construtiva e sempre disposto a debater temas relevantes ligados à categoria ou ao comércio exterior. A entidade caminhava firmemente.
Alheio ao fato de que o SINDICOMIS e a ACTC têm sido alvo de críticas vazias, vejo com bons olhos esse tipo de parceria institucional – evidentemente, se houver uma sinergia de ideias, gestões e ações.
Observo com satisfação a gestão do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Santos, o que mostra que a categoria, em âmbito estadual e até nacional, pode se fortalecer bastante. Ou seja: incontestavelmente, podemos caminhar lado a lado, apoiando, por exemplo, um curso de graduação para despachantes aduaneiros e, consequentemente, a criação do Conselho Federal dos Despachantes Aduaneiros, cuja hora de ser fundado, em nosso ponto de vista, já passou há muito tempo.
É nesse sentido que acreditamos que, em vez de polemizar migalhas para ocupar o tempo ocioso ou a própria incapacidade, os dirigentes sindicais devem construir propostas de qualidade e torná-las ações sólidas.
Os representados também precisam ser mais ativos. Eles têm a obrigação moral de exigir que suas entidades representativas sejam atuantes. Se eles dispõem de recursos financeiros, quais benefícios oferecem, além de proporcionar mordomias e bem-estar aos seus dirigentes? Volto a citar o bom exemplo do Sindicato de Santos, que oferece uma gama muito interessante de atrativos aos seus representados. Também deve-se questionar se o seu sindicato vive à sombra de outras entidades, como as federações, ou tem brilho e energia próprios.
Finalizo deixando a reflexão de que as entidades precisam se renovar, mas, para que isso ocorra, seus dirigentes devem fazer um exercício de humildade. Devem reconhecer se estão dispostos a mudar ou se preferem sair elegantemente. Há tempos, fazer mais do mesmo deixou de ser suficiente. Há tempos, batalhas quixotescas são insuficientes para sustentar a falta de ideias, argumentos ou grandeza pessoal.
Vivemos novos tempos, em que novos líderes despontam, novos desafios se impõem e boas surpresas aparecem para quem consegue ver além do óbvio ou de se sustentar no pretérito.
Luiz Ramos
Presidente do SINDICOMIS, ACTC e CIMEC