CMA CGM quer ampliar capacidade operacional no Porto de Santos

A CMA CGM, gigante global de transporte marítimo e logística, garante que os negócios da Santos Brasil no país serão mantidos e que a intenção é expandir a capacidade operacional da empresa. O grupo francês é o controlador majoritário da maior operadora de contêineres do Porto de Santos e do Brasil, com 93,07% das ações.

A CMA CGM, por meio de sua subsidiária CMA Terminals Atlantic, comprou mais de 363,5 milhões de ações da Santos Brasil (42,07% do capital) em leilão de oferta pública no dia 11 de setembro. Com a operação, a CMA passou a deter 93,07% da empresa, já que possuía anteriormente 51% dos papéis. Restam ainda 58,4 milhões de ações no mercado, representando 6,76% do capital social. Quem tem papéis da empresa e não quis vender durante o leilão poderá fazê-lo nos próximos três meses, recebendo o mesmo valor pago pela CMA, corrigido pela taxa Selic e descontados eventuais dividendos.

Um dos reflexos da compra da Santos Brasil foi o fechamento de capital da companhia, que deixou de negociar ações na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) na última sexta-feira.

Expansão

“A intenção é continuar expandindo a capacidade operacional e melhorar a produtividade da Santos Brasil, que permanecerá uma entidade ativa e visível no Brasil, sob sua marca atual, que desfruta de forte reconhecimento local”, informou a CMA CGM em nota enviada a A Tribuna, por meio de seu escritório na França.

Ainda de acordo com o grupo francês, “as atividades da Santos Brasil permanecerão diversificadas, com terminais de contêineres, bem como operações de veículos, granéis líquidos e carga geral em todas as suas localizações geográficas ativas. Não há fechamentos ou reduções de pessoal planejados; pelo contrário, pretendemos aproveitar a reconhecida expertise de seus funcionários”.

A CMA CGM reiterou que “a aquisição da Santos Brasil demonstra nossa forte confiança na economia brasileira e em seu potencial de crescimento”.

Impactos

O advogado especializado em Direito Empresarial Emanuel Pessoa, doutor em Direito Econômico e professor da China Foreign Affairs University, avaliou o fechamento de capital da Santos Brasil como positivo.

“A decisão da CMA CGM tem um efeito muito mais estratégico e corporativo do que imediato nas operações do Porto de Santos. Com isso, a Santos Brasil deixa de ser pressionada pelas demandas trimestrais de resultados da Bolsa e passa a ter maior flexibilidade para investimentos de longo prazo. A CMA CGM, que é uma das maiores armadoras do mundo, pode alinhar a estratégia do terminal em Santos com os fluxos globais de cargas da companhia”, afirmou.

Quanto aos impactos nas operações do cais santista, Pessoa avaliou que, no curto prazo, não há mudanças diretas, pois a operação é regulada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e pela Autoridade Portuária de Santos (APS), que garantem a continuidade. “O que muda é a possibilidade de integração vertical: a CMA pode direcionar mais cargas de sua frota para os terminais da Santos Brasil, fortalecendo a competitividade no Porto”, disse.

Sobre impactos econômicos, o especialista projeta maior previsibilidade de investimentos em expansão e tecnologia, o que pode trazer ganhos de eficiência ao Porto de Santos. “Para o mercado, há concentração. Uma grande armadora controlando um terminal relevante pode gerar preocupações de concorrência, mas também atrair mais linhas marítimas ligadas ao ecossistema da CMA”, completou.

(A Tribuna)

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