Por: Luiz Ramos – Presidente do SINDICOMIS, ACTC e CIMEC
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Até a pandemia, sabia-se que a Intermodal era o principal evento das Américas (segundo palavras dos próprios organizadores) voltado aos players do comércio exterior. Infelizmente, uma série de decisões equivocadas dos seus responsáveis em 2020 trouxe prejuízos aos expositores e desconfiança à feira.
Ainda em 2019, juntamente a diversos associados e representados, estas entidades iniciaram os preparativos para se apresentar na Intermodal 2020, que seria realizada entre 17 e 19 de março. A economia doméstica e mundial indicava bons tempos e o entusiasmo geral era grande.
Mas, quando os casos da Covid-19 começaram a se intensificar mundo afora, logo no início daquele ano, começamos a questionar os organizadores da Intermodal se ela aconteceria ou não na data programada.
Uma sucessão de comunicados oficiais desorientou os expositores que já tinham se programado e – diga-se de passagem, com grande ênfase – investido fortemente nos espaços que adquiriram. Esses gastos não se limitavam ao valor dos stands: incluíam, também, a mão de obra necessária para recepcionar os visitantes, mobiliário, alimentação, material de divulgação e decoração.
Lamentavelmente, mensagens oficiais da Intermodal ora indicavam o cancelamento da feira, ora o seu adiamento. Até que um último comunicado, de forma melancólica, anunciou seu cancelamento. E tal decisão foi tomada sem ouvir os principais interessados: os expositores! Obviamente, isso levou a questão para a esfera judicial.
Agora, em 2022, o evento realizou-se entre os dias 15 e 17 de março, mas de maneira híbrida (edição física e ações digitais). Os números oficiais de expositores e participantes ainda não foram divulgados (?!). Mesmo assim, se compararmos a estimativa de 120 marcas expositoras para esta feira, temos quase 25% do que, um dia, já foi a Intermodal, quando chegou a registrar 400 marcas expositoras.
Aí, nos questionamos: se os organizadores tivessem, lá em 2020, tratado os expositores de outra forma – sendo transparentes, ou propondo acordos razoáveis –, teria a Intermodal encolhido tanto?
Daqui em diante, quanto trabalho seus realizadores terão para recuperar esse público, que sempre foi tão fiel à Intermodal? Quanto, em recursos financeiros, será necessário investir para resgatar o valor dessa marca em nosso meio?
Acreditamos que o exemplo sirva para nunca nos esquecermos de que tratar os nossos clientes de forma correta, sincera e cristalina vale muito e, praticamente, não custa nada!
Um grande abraço!