Log-In e Grupo Chibatão viabilizam abastecimento no Amazonas com píer flutuante

Em setembro, a Log-In Logística Integrada realizou a primeira operação em um píer flutuante instalado em Itacoatiara (AM), utilizando o navio Log-In Jacarandá para transportar 1.032 contêineres. A iniciativa, desenvolvida pelo Grupo Chibatão, tem como objetivo reduzir os impactos logísticos da seca histórica que afetam a região e garantir o fluxo de mercadorias para Manaus e outras áreas. 

No Fórum Ilos 2024, que reuniu especialistas para discutir desafios logísticos, o projeto foi um dos destaques. Marcus Voloch, vice-presidente de Navegação da Log-In, e Jhony Fidelis, diretor-executivo do Grupo Chibatão e idealizador do píer, compartilharam o processo de desenvolvimento, os bastidores e os benefícios da solução para manter o transporte de mercadorias durante a seca. A nova infraestrutura tem ajudado a preservar a economia e empregos na região Norte. 

CENÁRIO DA SECA NA AMAZÔNIA E IMPACTO LOGÍSTICO 

A navegação entre Manaus (AM) e outros centros de abastecimento é majoritariamente realizada pelo transporte fluvial. Em 2024, contudo, o nível do Rio Amazonas atingiu uma baixa histórica de apenas 12 metros, inviabilizando a operação de grandes navios, que necessitam de profundidade maior para poder trafegar com segurança.  

Com mais de 80% dos produtos que abastecem Manaus chegando por via fluvial, a interrupção prolongada dessas operações poderia ter efeitos drásticos sobre o custo e a oferta de produtos. 

“Optamos por um modelo de carrossel com as balsas, para dar vazão à alta demanda de contêineres, unindo 12 operadores locais em uma coordenação inédita. Assim, conseguimos manter o fluxo logístico com uma produtividade de 24 movimentos por hora”, explicou Jhony Fidelis sobre a operação do píer flutuante, principal solução viável na região, considerando que outros portos, como Vila do Conde, Pecém, Santarém e Macapá, não possuem infraestrutura para absorver o aumento repentino no volume de carga. 

FUNCIONAMENTO DO PÍER FLUTUANTE 

Segundo as empresas, o píer foi projetado para operar de forma flexível, ajustando-se ao nível da água e mantendo-se funcional mesmo em profundidades variáveis. A estrutura permite que contêineres sejam descarregados de navios para balsas, que completam o trajeto até Manaus em um sistema de carrossel contínuo.  

Em menos de um mês, a operação em Itacoatiara movimentou mais de 10 mil contêineres, viabilizando o abastecimento de itens que variam de alimentos a componentes industriais e preservando a produção da Zona Franca de Manaus, bem como o escoamento dos produtos por lá produzidos. 

“Sem essa operação, Manaus teria enfrentado um colapso logístico e social ainda maior, com desabastecimento e impacto direto nos preços e na renda da população”, afirmou Fidelis. 

A primeira operação na estrutura ocorreu em setembro, com o navio Log-In Jacarandá, que chegou ao píer com 1.032 contêineres. Dos contêineres, 360 foram transferidos para balsas, permitindo a continuidade do transporte até Manaus. O restante da carga seguiu até a capital amazonense no próprio navio, que prosseguiu mais leve, possibilitando a navegação segura mesmo com a redução de profundidade do rio. 

“A nova operação permite que as cargas sejam transferidas, através de guindastes no píer, diretamente dos navios para as balsas, eliminando a necessidade de descarga na estrutura e otimizando o tempo. Com capacidade para transportar até 180 contêineres por comboio de balsas, o regime de ‘carrossel’ assegura um fluxo contínuo de transporte e evita o risco de sobrecargas na infraestrutura portuária, como as registradas em anos anteriores no porto de Vila do Conde”, explicou Marcus Voloch. 

O executivo destacou a importância da rápida aprovação do projeto, facilitada pela cooperação entre o setor privado e entidades governamentais. “Convocamos todas as partes a trabalharem juntas para um objetivo comum e com urgência. Essa união acelerou as aprovações e possibilitou a implementação da solução em tempo recorde”, comentou. 

SOLUÇÃO TEMPORÁRIA  

Embora o píer flutuante tenha sido concebido como uma medida temporária, a crescente escassez hídrica na Amazônia e a previsão de secas prolongadas indicam que a estrutura poderá se tornar permanente. Segundo Voloch e Fidelis, outros setores, como o agronegócio, também demonstraram interesse em adotar estruturas flutuantes para aumentar a segurança e a produtividade logística. 

A longo prazo, ambos os executivos enfatizam a importância de investimentos adicionais na região, incluindo dragagem de canais fluviais e melhorias na infraestrutura portuária, que dependem de mobilização e incentivos governamentais. 

“Este projeto não só resolveu uma questão emergencial, mas mostrou como o setor privado e o público podem unir forças para vencer um desafio, garantindo que as necessidades essenciais da população e da indústria sejam atendidas”, destacou Voloch. 

(Mundo Logística)

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