Uma das maiores empresas de transporte de contêineres do mundo, navegando com mais de 700 navios em 135 países, a Maersk prevê investimentos de R$ 30 bilhões na América Latina, principalmente no Brasil, nos próximos dez anos. A empresa também comanda terminais, por meio da APM Terminals, e quer empenhar a maior parte desse dinheiro no Porto de Santos, visando aumentar a capacidade para contêineres no cais santista. Para isso, porém, seus executivos acreditam que é necessário destravar investimentos, ampliando as áreas de arrendamento no complexo santista.
A Tribuna acompanhou na última quinta (8) uma reunião com autoridades e empresários do Brasil na sede da Maersk, em Copenhague, na Dinamarca.
Executivos da empresa confirmaram que pretendem participar da licitação do mega terminal Tecon Santos 10, que deve ser leiloado ainda este ano, no cais do Saboó. Ainda não se sabe o modelo da licitação e se haverá restrições na participação, o que a armadora critica. A Maersk tem participação em três terminais no Brasil (BTP, em Santos; Pecém, no Ceará; e Itapoá, em Santa Catarina)
e está construindo um (Suape, Pernambuco).
“No momento em que a gente constrói um Tecon Santos 10, passa a ter um terminal moderno, com tecnologia, funcionando como hubport. Isso gera um ganho de competitividade que todos os outros terminais serão forçados a vir atrás. É nisso que a gente ganha dinheiro, em gerar eficiência logística ao nosso cliente, que é o setor produtivo brasileiro”, explica o diretor da área de Relações Governamentais da Maersk, Felipe Campos. Ele acredita que a demora nos investimentos pode fazer o Porto de Santos ficar para trás na comparação com outros complexos.
Para A Tribuna, a diretora de Parcerias Globais e Capacitação, Assuntos Públicos e Regulatórios da Maersk, Concepción Boo Arias, ressaltou que a APM Terminals opera seis dos dez terminais portuários com maior produtividade no mundo, segundo o Banco Mundial. “Gostaríamos de fazer do Tecon Santos 10 o número sete, colocando-o entre os mais eficientes do mundo. Seria estratégico para nós, mas, sobretudo, para os exportadores brasileiros. É uma oportunidade incrível”.
Assinatura
A visita à Maersk faz parte da missão internacional promovida pelas frentes parlamentares da Ligação Seca Santos-Guarujá e de Portos e Aeroportos da Câmara dos Deputados, presididas pelo deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), com apoio do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI). Na ocasião, a Maersk formalizou a assinatura de adesão ao IBI como associada.
“Infraestrutura é o coração do que nós fazemos no Brasil e no mundo. Nós achamos que o Brasil tem um potencial enorme de jogar um papel predominanteem toda a região. É muito importante o desenvolvimento das infraestruturas portuárias, da logística do país, e nós estamos totalmente dispostos a sermos parceiros”, disse Concepción, após a assinatura.
Diretor-presidente do IBI, Mário Povia explica que a Maersk trabalha com verticalização e solução logística, além de cabotagem (com a Aliança). “Tudo isso está muito dentro do propósito do Instituto. E ter a Maersk associada, dentro de um contexto de pertencimento, ou seja, de trazer todo mundo para discutir, é fantástico. É um grande agregado que a gente passa a ter”.
Para Paulo Alexandre Barbosa, a adesão da Maersk ao IBI vai ao encontro de levar mais investimentos para o Brasil. “Temos nesse momento a discussão do Tecon Santos 10 e outras discussões no Porto de Santos onde a participação de empresas desse porte é muito importante. Quanto maior for a participação no leilão, melhor o resultado. Participação ampla e irrestrita”.
A comitiva também visitou nesta quinta-feira o museu que conta a história da Maersk, na sede da empresa, e depois foi ao Parlamento dinamarquês, onde houve reunião com o presidente da Comissão de Transportes do Parlamento, Rasmus Horn.
O assunto com Horn se concentrou no principal objetivo da missão, que começou na última segunda-feira e terminou na quinta: estudar as tecnologias e soluções aplicadas no projeto do túnel imerso Fehmarnbelt, que está em construção entrea Alemanha e a Dinamarca e terá 18 quilômetros.
A ideia é levar aprendizados para o projeto do túnel Santos-Guarujá, considerado a obra mais emblemática do Novo PAC. Com 1,5 km de extensão (sendo 870 metros submersos) e orçada em R$ 6 bilhões, a futura ligação entre Santos e Guarujá deve beneficiar tanto o transporte de cargas e passageiros quanto o deslocamento de ciclistas e pedestres.
O leilão está previsto para 1º de agosto.
(Datamar News)