O setor portuário nacional (portos organizados + terminais autorizados e arrendados) movimentaram no ano passado 1,151 bilhão de toneladas, um crescimento de 4,2% em relação a 2019. Os dados são da Gerência de Estatística e Avaliação de Desempenho da ANTAQ e foram divulgados nesta segunda-feira (1º). Conforme os números, os TUPs movimentaram 760 milhões de toneladas. Já os portos organizados ficaram com 391 milhões de toneladas. De acordo com os dados, de 2010 a 2020, os TUPs cresceram sua movimentação em 40%. No mesmo período, os portos organizados melhoraram sua movimentação em 31,7%. Para acessar a apresentação dos dados, clique aqui.
As informações trazem que, em relação aos granéis sólidos, 688,9 milhões de toneladas foram movimentadas em 2020, um crescimento de 1,2%. Sobre os granéis líquidos, foram movimentados 289,5 milhões de toneladas, com crescimento de 14,8%. A movimentação de contêineres registrou 118,2 milhões de toneladas (+ 1,1%). Em relação à carga geral solta, 54,2 milhões de toneladas movimentadas em 2020, um decréscimo de 0,3%, comparando-se com 2019.
Ranking dos Portos Organizados e dos TUPs
Santos foi, mais uma vez, o porto organizado que mais movimentou cargas no ano passado: 114,4 milhões de toneladas. Em segundo lugar, o Porto de Paranaguá (PR), com 52,1 milhões de toneladas. Na terceira posição, Itaguaí (RJ): 45,7 milhões de toneladas. Acrescentando-se os terminais autorizados, que formam o complexo portuário, ao Porto Organizado de Santos, tem-se a movimentação total de 141,7 milhões de toneladas, com crescimento equivalente a 9,4%.
Em relação aos TUPs, o líder em movimentação foi o Terminal Marítimo da Ponta da Madeira (MA), com 191 milhões de toneladas de minério de ferro, o que representa 16,6% de toda carga movimentada no Brasil. Em segundo, o Terminal Aquaviário de Angra dos Reis (RJ): 60 milhões de toneladas em óleos brutos de petróleo. Na terceira posição, o Terminal de Tubarão (SC): 56 milhões de toneladas, divididos em minério de ferro (87%), Soja (7,4%) e Milho (2,1%).
Mercadorias
O minério de ferro foi a carga mais movimentada pelo setor portuário em 2020. No total, foram 356 milhões de toneladas. Em segundo, petróleo e derivados: 262 milhões de toneladas. Na terceira posição ficaram os contêineres, totalizando 118,2 milhões de toneladas (ou 10,5 milhões de TEUs). Na quarta posição, soja: 104,2 milhões de toneladas.
O maior destaque, sob o aspecto do perfil de cargas, foi o dos granéis líquidos, com um crescimento de 14,8% em relação ao ano de 2019, demonstrando o vigor do pré-sal. Destaque também para as movimentações de exportação de óleos brutos de petróleo, que atingiram o crescimento de 18,8%.
Saiba mais
O Porto de Santos movimentou 114,4 milhões de toneladas em 2020, um recorde histórico. O número corresponde a um crescimento de 7,7% em comparação com 2019. Em Santos, a movimentação de açúcar cresceu 82,7% no ano passado. Destaque também para movimentação de soja, que aumentou 28,6%.
Para mais informações, acesse o Painel Estatístico Aquaviário da ANTAQ: http://web.antaq.gov.br/anuario/.
Para o diretor-geral da ANTAQ, Eduardo Nery, “esses números representam a resiliência e a capacidade de entrega do setor aquaviário”. Nery destacou que há uma tendência de crescimento para os próximos anos. Uma das razões é o programa de arrendamentos portuários do governo federal. “Em 2021, estão previstos leilões de 18 áreas, que irão gerar mais de R$ 4 bilhões de investimentos.”
De acordo com o diretor da Agência, Adalberto Tokarski, a ANTAQ tem sido fundamental para que o número da movimentação portuária continue crescendo, visto que a autarquia tem papel relevante na realização dos leilões portuários e na autorização de estações de transbordo de cargas e de terminais privados.
Conforme a diretora da ANTAQ, Gabriela Costa, o resultado do trabalho da Agência está refletido nos números que foram apresentados. “O modal aquaviário é importante para o comércio exterior brasileiro e, consequentemente, para os resultados de sua balança comercial, ou seja, os números alcançados em um ano absolutamente atípico refletem resultados positivos, registrando crescimento no setor.”
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, comemorou a resposta positiva que o setor aquaviário deu, apesar de um ano de pandemia. “Conseguimos enfrentar a pandemia com a logística funcionando”, afirmou o ministro, destacando que esses dados são fundamentais para o redesenho de políticas públicas elaboradas pelo governo federal.
Três perguntas para o gerente de Estatística e Avaliação de Desempenho da ANTAQ, Fernando Serra
1 – Como se explica esse crescimento na movimentação portuária mesmo em ano de pandemia?
As commodities formam as mercadorias que mais afetaram a movimentação portuária brasileira. Minério de ferro, soja e milho, bem como os insumos para o plantio das safras. Essas cargas possuem grande peso no resultado do crescimento na movimentação. Elas não sofreram com a Covid-19, pois os contratos de exportação são feitos no longo prazo, fazendo com que os embarques dessas mercadorias sejam contínuos, mesmo com a situação da pandemia. Por outro lado, os granéis líquidos – petróleo e derivados – foram os que mais cresceram na movimentação total brasileira. Com 14,8% de crescimento, puxaram o valor de 4,2%, observado no crescimento geral da movimentação de cargas no Brasil. Houve aumento nas exportações de petróleo e na cabotagem do pré-sal. Todos esses movimentos não se sujeitaram aos problemas causados pela Covid-19.
2 – Que número o senhor gostaria de destacar neste Estatístico Aquaviário 2020?
Inicialmente, a grande capacidade dos portos brasileiros, sejam eles no regime de outorga de arrendamento ou concessão, cuja resposta às necessidades de escoamento das cargas para movimentos internos e de exportação e importação foi excepcional, mesmo em um ano de grande crise provocada pela pandemia da Covid-19. Falar de um número dentre tantos importantes é uma tarefa muito difícil, mas destacaria o grande crescimento dos portos localizados no chamado Arco Norte, cuja movimentação cada vez mais cresce, fazendo com que nossos fretes internos possam diminuir, e, consequentemente, tornar nossa competitividade no mercado internacional mais adequada ao volume da produção brasileira. Destaca-se também o crescimento importante observado nos terminais de granéis líquidos, principalmente naqueles que movimenta petróleo, a exemplo do excepcional crescimento do Terminal T-Oil, localizado no Porto do Açu, que alcançou em cinco anos a marca de 29,6 milhões de toneladas movimentadas em suas instalações. Grande resultado também obteve o Porto de Santos, com recorde em sua movimentação anual, que, apesar de ter queda no desembarque de contêineres da ordem de 10,9%, soube diversificar as mercadorias que lá são movimentadas, atingindo desempenhos elevados com a soja e açúcar, respectivamente, com aumento de 28,6% e 82,7%.
3 – A que se deve o crescimento na movimentação de granel líquido?
O crescimento se deve a movimentos das plataformas para portos marítimos (pré-sal) e aumento nas exportações do petróleo.