Julho foi o mês de maior movimentação da história do Porto de Santos, com mais de 17 milhões de toneladas de cargas embarcadas. Mas, segundo o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, o cenário pode mudar. Com o fim do impulso causado pela antecipação de embarques aos Estados Unidos após o anúncio de novas tarifas, o porto já se prepara para uma eventual queda.
Em entrevista ao canal Times Brasil, Pomini afirmou que o pico de embarques em julho teve forte influência do chamado “tarifaço”, anunciado recentemente pelo governo norte-americano. A medida levou exportadores a acelerarem os embarques, o que resultou em um salto nas operações. “Tendo em vista o anúncio do tarifaço, os produtores que já tinham essas cargas prontas, eles correram para entregar para aproveitarem o preço atual, levando em consideração que a tarifa leva em consideração a data da entrada do produto no país”, explicou.
O dirigente disse que houve um aumento superior a 96% em algumas exportações. Os produtos mais embarcados do Porto de Santos para os Estados Unidos são carne bovina, carne de frango, miúdos, café e suco de laranja. Essas cargas representam pouco mais de 20% de toda a movimentação do porto, segundo Pomini. A China permanece como principal destino, respondendo por cerca de 60% das exportações.
Apesar do recorde alcançado, o presidente da APS projeta uma redução nos próximos meses, especialmente nas cargas destinadas aos EUA. “Da mesma forma que a gente teve a corrida para a entrega das cargas para aqueles produtos que já estavam em condições de entrega, é natural que agora, neste mês, o porto se prepare para uma queda, principalmente para essas cargas, cujo destino eram os americanos.”
Pomini pondera, no entanto, que o impacto das tarifas deve ser limitado no volume geral movimentado pelo complexo. “A gente vai ter uma percentagem de redução, em razão do tarifaço, mas isso não impacta no todo, levando em consideração que perto de 70%, um pouco mais de 60%, é destinado para esses outros 200 países, em especial para a Ásia, para a China e para parte da Europa”, afirmou.
ADAPTAÇÃO
Ele também destacou a capacidade de adaptação do Porto de Santos diante das oscilações de mercado.
“É um porto modular que se adapta justamente a essas oscilações, porque ele precisa se apresentar com eficiência para exportar os produtos e importar os industrializados.”
Com conexões com 200 países e cerca de 600 locais de destino, o porto está habituado a períodos de alta e baixa. Pomini ressaltou que o crescimento do agronegócio também foi um fator relevante para o desempenho de julho, ao lado da antecipação dos embarques provocada pelas novas tarifas americanas.
(Jornal da Orla)