Transportadora UPS demitirá 12 mil gerentes e exige retorno aos escritórios

A United Parcel Service (UPS) planeja cortar 12.000 postos de trabalho de gerência e explorar a venda de seu negócio de corretagem de caminhões Coyote, em medidas que a CEO, Carol Tomé, está tomando para compensar a baixa demanda e os custos trabalhistas mais altos dos sindicatos.

As reduções de empregos, cerca de 14% dos 85.000 gerentes em tempo integral e parcial, economizarão US$ 1 bilhão este ano e mais nos anos seguintes, disse Tomé em uma teleconferência de resultados com analistas nesta terça-feira (30). Ela também disse que a empresa planejava pedir aos trabalhadores que retornassem ao escritório cinco dias por semana em 2024.

“Vamos adequar nossa organização à nossa estratégia e alinhar nossos recursos com o que é extremamente importante”, disse Tomé na teleconferência de resultados. Ela disse que, mesmo depois que os volumes de remessa crescerem, esses empregos não voltarão, pois “é uma mudança na forma como trabalhamos”.

As ações da UPS caíram 8,3% no meio da manhã desta terça-feira (30) em Nova York.

Depois de registrar uma queda de 9,3% nas vendas anuais, a UPS previu um aumento em 2024 de apenas 1,1%. A demanda fraca na Europa e nos EUA levou a um declínio geral de 7,5% nos volumes de entrega do quarto trimestre.

Os custos de mão de obra mais altos e a menor demanda de pacotes resultaram em vendas no quarto trimestre e orientação para 2024 que não atenderam às expectativas dos analistas. A UPS está buscando estratégias alternativas para seu negócio de corretagem de caminhões, que viu as vendas despencarem em meio a uma recessão de frete marcada por taxas em declínio e excesso de capacidade.

Tomé disse que a UPS recuperou quase 60% do volume de remessas perdido durante as contenciosas negociações sindicais no meio do ano passado. A demanda por remessas também diminuiu, pois as pessoas fizeram mais compras de fim de ano nas lojas após a pandemia e a inflação reduziu o poder de compra.

A remessa para a Amazon.com representou 11,8% da receita do ano passado, em comparação com 11,3% em 2022, revertendo uma tendência de redução da dependência da UPS em relação ao seu maior cliente, que geralmente negocia descontos. O aumento da Amazon como porcentagem das vendas foi impulsionado por uma redução mais acentuada de outros grandes clientes, e a empresa ainda está buscando uma “redução gradual” da receita da Amazon, disse o diretor financeiro Brian Newman na teleconferência. A UPS tem se concentrado em pequenas empresas e clientes do setor de saúde, que têm margens mais altas.

Tomé já havia alertado que o novo acordo trabalhista para os 340.000 membros do sindicato da UPS prejudicaria o lucro da empresa no primeiro semestre, porque boa parte dos aumentos salariais ocorre no primeiro ano. Ela disse na terça-feira (30) que a UPS está focada em aumentar a eficiência e mudar para entregas de maior lucro, como suprimentos médicos.

Demanda fraca

As vendas para 2024 devem ficar entre US$ 92 bilhões e US$ 94,5 bilhões, disse a UPS. Esse valor é menor do que o ponto médio das estimativas de US$ 95,7 bilhões de 30 analistas consultados pela Bloomberg News. Os efeitos combinados do acordo trabalhista, que entrou em vigor em 1º de agosto, e as perspectivas de vendas reduzirão o lucro — a UPS prevê que a margem operacional ajustada será de 10% a 10,6% para o ano, abaixo dos 10,9% de 2023 e das opiniões dos analistas de 11,3% para 2024.

A UPS reduziu os voos à medida que o frete aéreo enfrentou uma demanda fraca, especialmente da Europa, e um excesso de capacidade à medida que as companhias aéreas construíam suas programações internacionais. Não está claro se as recentes interrupções no transporte marítimo no Canal de Suez, devido aos ataques dos rebeldes Houthi, e a seca que está restringindo a movimentação de navios pelo Canal do Panamá, farão com que mais negócios sejam transferidos para a carga aérea.

Tomé planeja estabelecer metas de longo prazo em uma reunião com investidores em março.

(Valor Econômico)

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