A pandemia impactou o setor de transporte marítimo, afetando a oferta de contêineres, preços do frete e cadeias globais de suprimento. Apesar de superados os anos críticos, o futuro ainda é incerto, com novas ameaças preocupando representantes do mercado.
A guerra na Ucrânia, seca no Canal do Panamá e ataques rebeldes no mar Vermelho são obstáculos atuais. Relatório da Unctad afirma que o cenário geopolítico aumentou as distâncias percorridas por navios cargueiros, levando a desvios pelo cabo da Boa Esperança para evitar o mar Vermelho.
Essa aceleração emite mais gases do efeito estufa, contrariando a tendência recente de reduzir velocidades para cortar custos e poluição. A Unctad calcula que uma viagem Singapura-Europa, pelo cabo, aumenta em mais de 70% as emissões em comparação com o canal de Suez.
O frete continua caro, segundo a consultoria Solve Shipping. Seu sócio Leandro Barreto afirma que houve reacomodação após altas por desvios, mas os valores permanecem elevados em relação ao pré-pandemia, devido a um descompasso entre demanda e oferta de navios.
Eventos extraordinários, como conflitos, tornam os fretes mais voláteis, dificultando projeções, avalia Barreto. O economista Fábio Pina vê maiores tensões globais afetando o setor.
A Datamar aponta que as exportações brasileiras em contêineres cresceram 18,3% em janeiro na comparação anual, enquanto importações avançaram 10%. Porém, é cedo para dimensionar impactos dos conflitos.